Lembra de quando eu disse que iria voltar?
Pois bem, foi um dito em vão.
Poderia ter voltado para pedir perdão
E dizer que não poderia ter mentido assim,
Não poderia ter sido tão rude,
Para dizer que quaisquer palavras seriam melhor que minha atitude,
Que o silêncio incessante,
Que os vultos e batidas na porta
Que esperaste, inconscientemente, que fosse minha pessoa,
Não foram,
Como haviam de ser?
Sequer voltei para dizer que não estarias mais por aqui,
Sequer fui honesto comigo,
Não consegui dizer nem a mim que, de nós, já havia desistido.
Fui covarde,
Mais que covarde, indigno,
Fui um miserável, sim, em todos os sentidos.
Fui completamente destrutivo para com quem eras,
Não respeitei tuas escolhas,
Não deixei que foste, pelo contrário, fui eu quem se foi.
Moça que hoje me tens como passado,
Não deixes que o futuro a tenha do mesmo modo,
O erro meu que te consumiu,
Desejo que um dia qualquer dia no futuro,
Não tenhas que dizer que, a ele, sucumbiu,
Todo erro, apesar de desafortunado,
Apesar de aparecer atrativo no instante dado,
Apesar dos deleites, apesar de cessar as dores,
Trás consequências,
Mesmo que tua consciência não perceba no momento,
Mais tarde, um pouco mais cedo do que gostarias,
Serás ódio do teu próprio intento.
Desejo que nunca tenhas que resmungar,
Nunca tenhas que, como fiz,
Enganar-se, dizer que aquilo se daria melhor,
A saída mais fácil não era deixar apenas o ar entre nós,
Apesar de saber que era errado,
A atração de não ter que falar verdades em teu rosto,
De não ter que ver-te chorando,
Soluçando, engasgada na própria tristeza,
No próprio desgosto e no eterno questionamento,
"Seria algo que eu teria feito?"
Erro meu, te juro,
Parece clichê dizer que o problema era eu,
Mas faz-se verdade.
Na fuga de tal questionamento,
Julgando o mais atrativo,
Fiquei condenado em meu próprio erro,
Perduro em minhas inconsequentes escolhas,
Sai mudo, enchendo-te de questionamentos,
Sabendo qual era o correto,
Por isso, hoje amargo.
Poderia não ter sucumbido ao erro,
Poderia ter feito o que era deveras certo,
Poderia não ser tão suscetível a não sentir dor,
Hoje, guardo no pensamento uma única palavra,
Relida, desdenhada e maldita, mas nunca finda...
Acabou.