Sou eu.
Não tem nada a ver com a bebida.
Todos esses impulsos degenerados e instintivos,
Sou eu.
Não tem nada a ver com a bebida.
O vômito já calejado e frio pelo tempo,
A dormência nos ombros e dores nas pernas,
Noites em claro
Madrugadas á fora...
Ás vezes chega a ser doentio!
Sou eu.
Não tem nada a ver com a bebida.
Sirvo-me de doses e mais doses...
Realidade distorcida,
Passado ensurdecedor!
Sou eu.
Não tem nada a ver com a bebida.
As palavras saem sem coesão,
Ninguém me entende,
Todos me julgam!
Oras, sou eu.
Não tem nada a ver com a bebida.
Quando as veias por si só se sangram solitárias
E as cordas vocais se arrebentam
Sou eu, chafurdando em minha própria lama.
Quando o horizonte for um caminho já habitado
E meus olhos já não arregalarem de fronte ao medo
Vou-me...
Por mim,
Por mim mesma,
Pela bebida
E por solidão eterna.