-Vai demorar muito? –Já passava da meia noite, a cidade toda estava dormindo, ou seja, todas as ruas estavam deserto e justo a que eu estava, não tinha luz. –Tenho que voltar para casa! Minha mãe vai ficar uma fera se eu demorar mais.
-Qual parte de ‘eu vou te matar se tu não te calar’ tu não entendeu? –Disse o cara com uma faca nas minhas costas.
-Ah, qual é? Você nem segura essa faca direito, ta tremendo, ó!
Virei rapidamente e puxei a faca da mao dele, virando a lamina direto para o coração dele.
-Se eu quisesse já teria te matado, ladrãozinho ruim! –Falei zombando.
-Me devolve essa faca agora! –Ele falou gritando, tremendo. O Ladraozinho tentou puxar ela mas seus movimentos foram bruscos demais e eu me esquivei indo pro lado e depois para trás, em passos rápidos e sincronizados, graças as aulas de dança. –Quero saber uma coisa. –Disse me sentando na calçada.
-Uma pergunta? –Ele me perguntou assustado.
-Sim! Se eu não tivesse o tal relógio que te prometi você enfiaria a faca em mim? –Perguntei apunhalando o ar.
-N.. Não sei...
-Hum... entao você é pobre mesmo ou só um daqueles riquinhos que brincam de revoltados porque o pai cortou a mesada?
-Sou pobre.
-Ate que você é bonitinho. –Levantei e falei olhando bem nos olhos cinzas dele. –Alem disso parece ser bem legal, olha vamos fazer o seguinte: você não me rouba e eu não te mato, que acha?
-Cer..to. –Ele disse meio gago.
-Certo! Então até outro dia! –Peguei a faca e enfiei bem no meio da coxa dele e sai andando normalmente, enquanto ele uivava de dor.
Cheguei em casa as duas da manha, minha mae não estava nada feliz.
-Onde você estava? Sabe que horas são? Que sangue é esse na sua blusa?
-Tava na rua, são duas da manha presumo, é de um sujeito legal que conheci hoje e – Parei olhando para ela – Bom dia mae! –Dei um sorrisinho e fechei a porta do meu quarto, me trancando.
Tirei a roupa suja, tomei um banho, coloquei meu pijama e fui dormir, nada como uma noite fria.