Eu me chamo Catarina Johanson, quero contar algo que aconteceu comigo, na verdade, eu mesma não tenho certeza do que aconteceu, foi tudo tão....real, mas... confuso.
Tudo aconteceu à poucos meses atrás, era Outubro, e eu iria passar alguns dias na Colina Woodyside junto do meu melhor amigo Austin. O Halloween se aproximava e toda a cidade terminava de aprontar tudo, os parques eram temáticos e as casas também, menos uma. A do meu avô Many. Não é realmente uma casa, e sim uma mansão. A mansão é assustadora, e há um clima negativo ali, todos dizem isso, quem diria que ela é bem pior do que todos imaginavam.
No decorrer da semana tudo ocorreu bem, mas tudo realmente começou na véspera do Halloween. Eu e o Austin passamos o dia fora, na cidade vendo as crianças brincarem, ao anoitecer voltamos para a colina, e ficamos no café da minha avó, Nora.
— Tomem muito cuidado queridos – ela diz beijando minha testa e logo a do Austin.
— Senhora Nora, por que temos que ficar sozinhos na casa? Ela é assustadora. – o Austin diz abraçando seus próprios braços.
— Temos de ir viajar, vocês sabem, não saiam de casa após a 00:00, sabem das lendas da colina.
— Tudo bem – sorrio.
Ela pega sua bolsa e saímos do café, após trancar, ela nos entrega a chave da mansão e se despede mais uma vez.
— Vamos para a mansão do terror? – o Austin diz esticando sua mão para mim.
— Sim,vamos – seguro sua mão e começamos a andar.
Ao chegar na mansão, destranco a grande porta, fazendo um grande barulho.
— É impressão minha ou ela fica mais assustadora no Halloween. – o Austin pergunta logo depois que entramos.
— Ela é mais assustadora quando só há duas pessoas nela – digo tirando meu casaco e indo para a cozinha.
Faço algo para comermos enquanto o Austin colocava um filme qualquer.
— Maratona de filmes de terror dos anos 70, 80 e 90, o que acha? Poltergeist, A Hora do Pesadelo e O Exorcista. – ele sorri.
— Melhor que muitos de hoje em dia. Melhor maratona. – dou de ombros me sentando no grande sofá.
Passamos parte do tempo comentando o filme, tudo estava bem, até o grande relogio da sala tocar, indicando que era meia-noite. Nesse momento um arrepio percorreu meu corpo, a sala esfriou de um momento ao outro, e o clima se tornou mais pesado.
— Sentiu isso? – pergunto sentando mais próxima a ele.
— Senti....eu acho. Vou pegar cobertores lá em cima – ele diz se levantando e vai até a escada em passos rápidos.
Fico sentada abraçando minhas pernas, sentindo frio e medo ao mesmo tempo.
— É psicológico Catarina. – digo a mim mesma.
— CATARINA! – o Austin grita e me levanto do sofá num pulo.
— Austin?! – digo seu nome alto.
— CAT! VEM CÁ !– ele grita expressando que estava nervoso.
Corro em direção a escada e a subo rápido, sentia meu coração palpitar a cada passo, e ao chegar no primeiro andar parei, procurando ele.
— Aus, onde você esta? – pergunto andando lentamente para o quarto dele.
Ouvi uma risada ali perto, mas não era do Austin, e sim de uma criança.
— Você está me assustando. – digo abraçando meus braços.
Começo a andar um pouco mais, sentindo meu coração bater forte mais uma vez. A risada soou de novo, só que mais perto, para ser precisa, bem atrás de mim. Me virei bruscamente dando de cara com o Austin, que estava bem próximo a mim.
— Droga Austin – grito chutando sua perna.
— Qual é Catarina! – ele reclama de dor.
Respiro fundo colocando minhas mãos em meu rosto, tentando não chorar.
— Ei, o que foi? – ele tira minhas mãos do meu rosto.
— Me assustou Austin, como estava fazendo aquela risada de criança? Sabe que me assusto fácil – reclamo o encarando séria.
— Mas Cat, eu não fiz risada de criança. Eu iria te assustar, mas achei melhor não.
— Não brinque comigo. – reclamo ao sentir um arrepio de medo.
— Eu não brincaria.... Mas, vamos voltar lá para baixo.
Ele pega os lençóis em cima da cama e descemos para a sala mais uma vez. O estranho foi que a TV chiava, e não passava mais o filme.
— Ótimo, agora a televisão não funciona. – o Austin vai até ela e mexe em alguns cabos.
Após um tempinho a TV finalmente voltou a funcionar, e voltamos a assistir. Mas algo ainda me alfinetava, a sala continuava fria e estranha, e o Austin me irritava puxando o meu cabelo.
— Pare de puxar meu cabelo Austin, isso irrita. – Digo puxando seu braço que estava em volta dos meus ombros.
— Eu não puxei seu cabelo. – ele diz sério.
— Ah não, foi um fantasma. – digo rindo.
De um momento ao outro, ouvimos um trovão assustador, que de algum modo ecoou pela casa.
— Agora eu estou com medo, isso não é bom.
Depois que eu disse isso duas janelas foram abertas de um jeito brutal, me fazendo saltar para mais perto do Austin.
— Acalme-se Catarina. Sua avó não deve ter fechado direito, por isso abriram, está chovendo lá fora. – ele diz se levantando e indo em direção à uma das janelas.
Faço o mesmo que ele, só que indo até a janela que fica mais distante. Antes de fecha-la observei lá fora, e não vi nada a mais do que um tempo escuro e chuvoso.
— C-Cat. – o Aus diz baixo e me viro lentamente, vendo ele apontar para o pé da escada.
Havia 'alguém' ali, uma figura estranha ao pé da escadaria. Se balançava de um modo agonizante, e batia suas mãos no chão, sem parar.
— Olá? – pergunto.
— Cat, não. – o Austin diz baixo e ignoro chegando um pouco perto.
Estiquei um pouco minha mão, levando-a em direção a figura horrenda ao pé da escada. No momento em que toquei seu ombro tudo ficou em silêncio, e ele ou ela já não batia suas mãos no chão.
— Sally? – uma voz grossa soou curiosa.
— E-eu me chamo Catarina. – gaguejo e acabo recuando um pouco.
— O que está fazendo com ele? Sally? Não gosta mais de mim? – sua voz ficava cada vez mais curiosa e sinistra.
— Esse é o Austin. Quem é você?
Após perguntar isso, a tal pessoa começa a se virar lentamente e no automático recuo cerca de 3 ou 4 passos.
— Meu amor. – ela diz.
Agora, era possível ver o rosto dela. Era algo horrendo e inexplicável. Naquele momento senti um enjôo forte, seu rosto era deformado e pálido, como se tivessem batido nele até a....morte, seus olhos eram escuros e cheios de tristeza.
— Cat, por favor – o Austin diz baixo e sinto ele segurar minha mão.
— Você. – a figura aponta para o Austin.– o que faz com ele Sally?
Sinto o Austin me puxar para trás aos poucos.
—Você está com ele? Me trai com....ele?
— Acho que está enganado. – o Austin ri nervoso.
— Cale a boca – o homem diz esticando sua mão, apontando para ele.
Como num passe de mágica, a figura bizarra aponta para a parede e o Austin é jogado brutalmente. Naquele momento fiquei sem saber o que fazer. A figura andava em minha direção, enquanto eu recuava atravessando a grande sala, e ele cada vez mais ficava mais assustador.
— O que você quer ? – pergunto sentindo a parede em minhas costas.
Não tinha mais para onde ir, o Austin estava preso, e parecia estar sendo sufocado.
— Quero que me ame Sally.... Assim tudo vai voltar a ser como era. – uma risada macabra ecoa pela casa.
Ele se vira em direção ao Austin, e só assim ele aparenta voltar a respirar normalmente.
— Então você gosta dele....esse humano insolente. – e diz e segura o rosto do Austin. – Já sei o que podemos fazer – ele ri mais uma vez.
— Por favor, não o machuque – peço.
O Austin estava parado, seus olhos fixos no monstro horrendo a sua frente. Quando de um momento ao outro o tal monstro sumiu, e o Austin foi ao chão, como um boneco de pano. Naquele momento corri em sua direção me ajoelhando ao seu lado, sua pele estava pálida, seus olhos arregalados e fixos em algum lugar.
— Austin....acorde – o chamo.
Eu já não sabia o que fazer, sua pele estava fria e quase sem....vida.
– Sally. – ele diz com a voz estranha.
Naquele momento tudo ficou mais sinistro. O Austin não pode ter me chamado de Sally. Devagar ele voltou a se mexer, mas algo não estava certo, de um momento ao outro sua roupa começou a mudar, sua camisa começou a se transformar em uma camisa de mangas longas ainda branca, e sua calça de frio agora era uma social.
Senti algo atrás de mim, como se estivessem me puxando, ao olhar para trás avisto duas crianças, que mantinham suas cabeças baixas.
— Ei! Me soltem – reclamo puxando minhas mãos.
— Tudo bem crianças, podem soltar ela. – ele diz e as crianças somem, de um momento ao outro.
Agora, o Austin vestia um paletó estranho e meio rasgado, uma gravata borboleta também rasgada, sem contar que todo o conjunto era listrado, branco e preto, algo que o Austin nunca usaria. Seus olhos não eram mais verdes, e sim um castanho bem escuro, sua altura já não era a mesma, estava maior, e bem mais pálido. Não era mais o Austin.
— Você não é o Austin. – digo encarando seus olhos escuros.
— Claro que não sou ele – ele ri. – Posso fazer de tudo para que me ame.
— O que você fez com o Austin?!
— Não se preocupe, ele ainda está aqui, só está.... Escondido. – ele ri vindo até mim.
— Não se aproxime..... O que é você?
— Como posso dizer.... Um espirito, entidade, monstro...ou será melhor...Fantasma. – zomba.
— Qual seu nome?
— ....Pode me chamar de Austin, gostei do nome.
— Você não é o Austin, nunca vai ser.
— Então me chame de Toby.
Senti algo em minha perna, como uma forte mão agarrando meu tornozelo, que em segundos arranhava minha perna, a machucando. Num ato rápido me puxaram e senti meu corpo bater com força no chão, minha cabeça doía, e tudo parecia girar, em pouco tempo senti meu corpo ir ao chão, e tudo ficou preto.
(...)
Minha cabeça latejava, e eu não conseguia identificar onde estava, era um lugar escuro, estava amarrada em uma cadeira, acompanhada de um instrumental.
— Ainda bem que acordou. – a voz do...Toby soa próximo a mim.
E em pouco tempo luzes se acendem, deixando visível uma grande mesa à minha frente, como as dos filmes. E logo do outro lado dela estava o Toby.
— Olá Sally – ele se levanta andando até mim.
— Eu já disse que não sou a Sally, seu louco psicopata! – grito tentando soltar minhas mãos.
— Você não se cansa de fugir de mim não é... – ele ri – o que está tocando? Conhece? – ele pergunta e o volume da musica aumenta.
— Mozart, sinfonia 40, quem não conhece? – digo o fuzilando com o olhar.
— A Sally gostava de escutar Mozart, sua avó mostrou a ela o que era música.
— Minha avó? O que está dizendo?
— Seus avós nos ajudaram quando morremos.
— Está tornando tudo mais confuso.
— Ah tudo bem, conheça os meus amigos, estão curiosos atrás de você. Quem sabe assim aceita o seu destino.
— Meu destino? Vá ao inferno! – grito.
— Já estou nele. – ele sorri e passa por uma grande porta.
Após isso meus braços foram soltos, levanto-me num salto, só assim percebendo que estava com um vestido branco e longo.
— Como... – falo comigo mesma.
Um telefone começa a tocar, e começo a seguir, passando por uma grande porta. Havia um telefone antigo em cima de uma pequena mesa, em passos rápidos vou até ele e o atendo.
— Catarina ? – uma voz nervosa dizia ao outro lado.
— Vovó?
— Cat, preste atenção no que vou dizer. Há um modo disso acabar. Vá ao sótão, tenha cuidado, ache o punhal do seu avô, apenas assim tudo vai acabar. Um sacrifício terá que ser feito, mas tudo irá ficar bem. – sua voz era baixa, como se ela sussurrasse para que ninguém ouvisse.
Naquele momento minha barriga gelou, e meu coração acelerou, acompanhado de uma lágrima.
— Vovó, eu estou com medo.
— Ele se alimenta do seu medo Cat....seja forte.... Faça pelo Austin. – ela diz rápido e assim o telefone fica mudo.
— Como sabe do Austin? – falo sozinha.
— Mamãe? – uma voz de criança soa atrás de mim.
Devagar olho para trás, logo depois dou um salto para trás num susto. Havia um garotinho e uma garotinha ali, eram pequenos, seus cabelos eram negros e bagunçados, havia sangue em suas roupas rasgadas, mas o pior de tudo... No lugar dos seus olhos haviam botões de costura preto.
— Não se assuste mamãe, viemos ajudar você. – elas vem até mim devagar, esticando suas pequenas mãos.
— O que houve com vocês? Onde estão os seus....olhos?
— A senhora sabe....o papai enlouqueceu. – dizem em uníssono.
— O que ele fez?
— Vamos mostrar, venha conosco mamãe. – eles andam até mim mais uma vez.
Suas pequenas mãos seguram as minhas, um de cada lado, e senti meu coração apertar um pouco. Devagar, começaram a andar, me guiando para uma das portas do longo corredor. Quando já estávamos perto, a porta se abriu sozinha e através dela haviam muitas pessoas de costas.
— Não tenha medo, todos só querem ajudar. – eles dizem e olho para a frente, engolindo a seco.
Logo à nossa frente havia uma cadeira de balanço antiga, e as crianças me guiaram até ela, e ao me sentar, percebo as pessoas que estavam sentadas. Todos tinham o rosto deformado, sejam cortes, marcas de costura, ou....botões no lugar dos olhos, todos tinham uma cicatriz.
— Mamãe, só você pode nos salvar – as crianças dizem e todos vem ate mim.
Um frio intenso encheu a sala, todos estavam juntos ao redor de mim, estava começando a sentir um desespero por estar em um lugar tão 'fechado', e todos me encaravam, seus rostos demonstravam tristeza e sofrimento.
— Por favor se afastem.... – digo tentando respirar – estou... Ficando sem ar.
Aos poucos todos foram se afastando, menos dois deles.
— Sally. Você vai nos ajudar não é?
Seus rostos eram tristes e cansados, assim como os dos outros, sua pele estava...verde e cheia de cortes, algo horrendo e desumano. Algo que só um monstro faria.
— O que houve com vocês? – pergunto.
— O senhor Toby fez isso por raiva....a senhora havia deixado ele, tudo culpa sua. – diz o menor deles.
— Eu não sou a Sally.
— Mas olhe! É igual a ela – apontam para um quadro atrás de mim.
E só assim vejo uma mulher no quadro... Igual a mim, seu cabelo estava mais arrumado que o meu no momento, mas usavamos o mesmo vestido elegante, e nossos rostos são iguais, os minimos detalhes.
— Não pode ser....
— A senhora Nora amava a Sally, sempre estavam juntas, até o Toby voltar das profundezas.
— Senhora Nora? Minha avó?
— Ela nos ajudou junto do senhor Many, mas não conseguiram conter o Toby. Mas você pode. – os gêmeos dizem ainda em uníssono, sempre juntos.
— O Austin...o que houve com ele? – pergunto sentindo um aperto no coração, ao citar seu nome.
— Parte dele está morto mamãe, mas se matar o papai, haverá um modo de ficarem juntos... Para sempre.
Eu sentia um enjôo forte, meus olhos se encheram de lagrimas insistentes que eu não podia conter.
— Isso não pode estar acontecendo. – digo fechando meus olhos e sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. — Não posso fazer isso, nem ao menos sei como. – digo baixo, contendo o choro.
— Nós sabemos como. – uma garotinha pequena, de pele morena e bonita diz se aproximando. – terá de se sacrificar por todos, só assim, tudo vai acabar bem. – ela toca meu rosto, e só assim percebo pontos ao redor de sua boca.
Havia algo dentro de mim que gritava para sair correndo e deixar todos alí, mas havia algo que dizia que não havia outra saída. Foi naquele momento em que admiti a mim mesma que estava disposta.
— Tudo bem, faço o que for preciso. – digo me levantando.
Todos sorriram, não consegui saber se havia felicidade ou maldade em seu olhar. Mas após aquilo levaram-me para uma sala ali próximo. Nela havia uma cadeira, aonde fiquei sentada. Os gêmeos me acompanhavam a todo momento, enquanto os outros me fuzilavam com o olhar. Foi quando um deles entrou na sala. Ele vestia um roupa rasgada. Seu rosto era totalmente deformado e havia sangue fresco ali. Ele carregava o punhal do meu avô em suas mãos, e após chegar perto de mim, ele o segura com as duas mãos.
— Parte de você irá morrer agora. Mas parte está ligada ao Toby. – ele diz em voz alta, e logo depois sinto-o enterrar o punhal em meu peito.
Não me recordo muito bem daquele momento, mas ainda sinto a dor insuportável. Não era apenas uma facada no peito, e sim muitas coisas ao mesmo tempo. Sentia meu olhos serem arrancados, minha pele era rasgada e costurada de pouco a pouco, numa tortura sem fim. Tudo doía, e eu já não aguentava mais.
Foi quando de um momento ao outro tudo voltou ao normal, a dor já não era tão intensa, e minha vista não estava mais embaçada, mas tudo havia mudado, eu podia sentir.
— Agora, deverá ir até ele. Mostre-o a verdade, e tudo ficará bem. – ele coloca a faca em minhas mãos.
Levantei-me devagar enquanto todos observavam, arrastei minha perna machucada até que eu chegasse a porta, e a abri sentindo uma forte corrente de frio.
— Toby? Onde esta? – pergunto fechando a porta e começando a andar, sem saber aonde ir.
Não houve resposta, então desci a escada parando em uma grande sala, com quadros antigos.
— Você é um covarde! – grito.
Uma risada horrenda ecoou a sala, e o Toby apareceu ainda no corpo do Austin, sorrindo maldosamente.
— O que você disse?
— Você é um covarde. – repito segurando o punhal com força.
— Amor? O que houve com você. – ele segura meu rosto. – seus olhos.... Não são seus olhos!! – ele grita e sou jogada no chão com força
— Foi por isso. – digo me sentando. – foi por causa da sua brutalidade que o deixei.
— O que?! Você me ama, assim como ama os nossos filhos.
— Você os matou Toby! – grito.
— Foi tudo por você Sally. Por você.
Aos poucos fui me levantando, sentindo a dor insuportável de novo. Agora eu sabia o que a Sally passava. Ele matou seus filhos e torturou à todos que apareciam, dizendo que era por amor.... Mas nunca foi.
— Eu te amo Sally, e para sempre vou amar. Não sei o que aqueles monstros te contaram, mas eu te amo.
— Você é o único monstro aqui Toby, só ama a si mesmo. Você ama sua própria insanidade.
— Não é verdade, eu amo você. E se algo te acontece....tudo está acabado. Você é quem importa.
— Deixe o Austin ir – ordeno.
— O garoto boboca? Ainda pensa nele? – ele olha para mim com raiva – você ainda ama ele! – ele grita e um trovão soa lá fora.
— Eu sempre amei ele. E nunca irei te amar. – digo apontando o punhal para ele.
— Não pode me matar com esse punhal ridículo, todos sabem. – ele ri.
— Eu sei. Mas tem um modo.
— Que seria?
Devagar apontei o punhal para mim mesma, era o que deveria acontecer. O Toby só existia por causa da ligação que existe entre ele e à Sally...ou entre ele e eu.
Num ato rápido, cravo o punhal em meu peito, fazendo uma explosão estranha acontecer.
— Você não pode ter feito isso....nosso amor é maior que tudo – ele diz caindo de joelhos.
— Não há amor, e nunca haverá – digo baixo sentindo o sangue escorrer em minha boca.
Não posso descrever o que houve em seguida. Os olhos do...Austin ficaram brancos, e algo começou a passar através dele, a mesma figura que estava ao pé dá escada começou a surgir, seu rosto era mais elástico, e sangue jorrava de sua boca, mas o Austin estava parado, não expressava dor ou coisa do tipo, apenas seus olhos continuavam brancos. Em um momento o Toby estava agarrado ao Austin, como se fugisse da própria morte. A porta foi aberta com força, e as entidades que antes estavam junto de mim e das crianças entraram na sala, indo em direção ao Toby com um olhar insano, todos o arrastaram para outro lugar, e apenas foi possível ouvir gritos de horror.
Eu ainda sentia a dor insuportável, mesmo assim arrastei-me até o Austin, segurando sua mão.
— Estarei sempre aqui, junto de você – sussurro.
Tudo começou a ficar escuro, e a dor se estendia mais e mais. Até que tudo ficou escuro e sem fim.
Mas uma luz se acendeu, e tudo voltou a ter cor de um momento ao outro. Eu já não estava mais na sala, e sim no jardim da vovó, podia sentir o vento bater em meu rosto, e o cantar dos passarinhos.
— Ainda bem que acordou. – vejo o Austin à minha frente e ele me ajuda a levantar.
— O que houve? Eu não deveria estar morta? – pergunto com uma mão na cabeça.
— Todos que morrem na casa, ficam presos à casa, pela eternidade – ele fica de frente para mim e toca meu rosto.
— Você morreu?
— Quando matou o Toby ele levou consigo o resto de vida que havia em mim . Sim, estou morto.
— Mas, o que aconteceu com ele?
— Ele não suportou ver a morte do amor de sua vida, os outros mostraram a ele tudo o que sentiram quando ele os deformou.
— O que acontece agora Austin? – toco seu rosto encarando seus lindos olhos.
— Vamos passar a eternidade juntos Catarina.
— Juntos...para sempre? – pergunto baixo.
— Para sempre. – ele sorri e beija minha testa.
Talvez seja difícil acreditar que tudo isso realmente aconteceu, acho que eu não iria acreditar também. Aposto que tem algumas duvidas em relação a tudo o que aconteceu, mas terei de deixar muitas questões em branco, nem sempre a verdade tem que ser revelada.
Pesso que tome cuidado no Halloween, os espíritos andam à solta nesse dia. Ah, se ouvir falar da colina Woodyside nunca se aproxime dela, o mal não está apenas na mansão.