Naquela tarde ensolarada de dezembro, enquanto os outros garotos brincavam com uma bola de cipó, eu repousava debaixo de uma majestosa amendoeira.
Eles se preocupavam com a diversão, mas eu não, somente queria viver aquele momento, estar onde eu estava. Só queria ver as gaivotas cruzando o horizonte amarelo. Mas aos poucos o dia virou noite. O amarelo do sol foi substituído pelo cinza da tempestade. Em minutos as gotas foram caindo, cada vez mais e mais. Os garotos puseram-se a correr, enfiaram-se em meio aos arbustos.
Eu continuei debaixo da amendoeira, nem uma gota repousou sobre mim. Depois de alguns minutos de chuva intensa a noite virou dia. O céu parecia sorrir novamente, um sorriso bonito, um sorriso confortante, um sorriso amarelado. Os garotos saíram dos arbustos e voltaram a brincar com a bola de cipó. E eu continuei debaixo daquela majestosa amendoeira.