O caso pessoal do Coins Douglas.
LAVENDER
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 12/10/16 19:26
Editado: 12/10/16 22:12
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 4min a 5min
Apreciadores: 3
Comentários: 2
Total de Visualizações: 1050
Usuários que Visualizaram: 8
Palavras: 641
Não recomendado para menores de dez anos
Capítulo Único O caso pessoal do Coins Douglas.

Nota sete: Não faça tudo sozinho.

A notícia da morte do Coins Douglas, perturbadora e sofrida pelos parentes dele, se espalhou como o bife mais gordo na churrascaria mais requisitada da cidade, a qual o nome não vem ao caso e nem se encaixa no contexto da história, o que também muitos vêm reclamar dele para mim.

De acordo com a fonte mais confiável do bairro: o dono dum site amador que disponibilizava, para quem se encorajasse a entrar em seu site, as fotos de todos os corpos sem vida dos recentes assassinatos; Lorn Ursulo fora a primeira pessoa que viu o corpo sem alma do Coins, e disse à polícia que, durante uma caminhada na praça de manhã cedo, passou do lado de uma vala de esgoto e enxergou Coins Douglas boiando na água suja e amarronzada daquela; este relato indicou a Márcio Galo, que sempre acreditava nas mais maldosas hipóteses, um claro assassinato debaixo da cidade, no esgoto, aonde ninguém, a não serem os ratos e micróbios que rondavam o local do crime, conseguiria presenciar o assassino sufocando Coins por meio de ininterruptos impulsos feitos na cabeça do menino, a qual as águas mais repulsivas da cidade engoliam e não cuspiam mais.

Os policiais relataram aos pais do morto que este passeava pela praça e acabou tropeçando e caindo na vala, e lá, vergonhosamente, se afogou com o lixo e a água nojenta que vinha das variadas descargas simultâneas (nojento) dos outros.

Márcio Galo fora o melhor amigo e quem aconselhava Coins desde a segunda série do ensino fundamental. O garoto, o qual era magro e moreno, sabia muito bem que seu amigo não seria tão tolo assim ao ponto de afogar-se com o esgoto, afinal, todos sabiam que o filho dos Douglas praticava natação e era um exímio nadador, possivelmente se tornando um atleta olímpico anos mais tarde. Márcio tinha certeza que os policias não compreendiam o que tinha acabado de acontecer, e que eles não eram capazes de perceber que o seu amigo tinha sido sufocado pelas mãos de um asqueroso assassino que trabalhava no sujo, mesmo estando tão nítido.

Na manhã seguinte, o filho dos Galo levantou da cama duas horas mais cedo do que o normal e encheu sua mochila de bugigangas inúteis com o intuito de parecer que ele estava se preparando para uma intimidadora aventura em um ambiente perigoso. Escondido da sua mãe, Márcio, ao sair de casa com a sua pesada mochila depois de tomar seu desjejum, não foi em direção ao colégio e tomou a estrada para a vala que o relato mencionava, motivado a resolver sozinho todo aquele misterioso caso que nem os detetives mais famosos chegavam próximo ao fim. Ao pisar a borda da superfície da descida que levava às correntes águas sujas do esgoto, o garoto moveu as suas pupilas ao canto dos olhos e observou o redondo túnel donde o lixo vinha. Ele tirou da bolsa um par de botas e calçou-as, jogando para longe os seus tênis caros e novos.

Lá embaixo, com as suas canelas submersas nas constantes ondas amarronzadas, ele permaneceu parado, atrapalhando algumas latas de refrigerante que vinham, com a corrente, se chocando contra as pernas do garoto e arranhando-as. Márcio não tinha em sua cabeça o que faria quando chegasse lá, e agora, que ali se encontrava, seu plano tinha acabado. No pensamento dele, ele iria aguardar o assassino chegar e quando este chegasse o mataria com os próprios punhos, mas o garoto não praticava nenhuma luta e não tinha trazido consigo uma faca ou qualquer objeto pontiagudo.

Depois de emergir da água e expressar ao céu vários pensamentos ofensivos contra os policiais, Márcio Galo subiu até a grama da praça, pegou a outra estrada e dirigiu-se ao colégio. O caso tinha acabado para ele, se bem que nem devia ter começado.

❖❖❖
Apreciadores (3)
Comentários (2)
Postado 13/10/16 11:14

Hahaha, bah, Márcio... fora resolver o mistério do assassinato do amigo e nada resolveu. Putz, Márcio. Ficasse em casa se não tivesse nada em mente, heheeh.

Bah, que fim mais louco. Sinceramente, não esperava algo, digamos, tão frustrante. Não frustrante no sentido "que fim nada a ver" (até porque achei muito bom o fim do texto), mas sim pelo Márcio não ter resolvido o problema, haha. Eu jurei que ele ia conseguir, pois estava com certa determinação pra fazê-lo.

Mas não deu certo, ele não resolveu. Eu não sei, nobre autor, se a ideia do seu texto foi mostrar que somente determinação não resolve nada, mas, querendo ou não, podemos extrair essa mensagem do texto. E é uma mensagem a qual considero muito verdadeira, pois todos devem estar muito bem preparados para tentar "resoler os assassinatos" da vida.

Cara muito bom. Gostei mesmo. Quem não deve ter gostado foi o Coins, visto que o fim da vida dele parece ter sido terrível, hehe.

Parabéns e sucesso!

Postado 27/03/18 14:45

Meu Deus, como assim o Márcio foi investigar sem ter um plano decente em mente? Kkkkkkkkk!! O cara é louco! Pensou se o assassino, por algum motivo, volta ao local do crime? O moleque ia se ferrar legal! XD

E o cara louco do site? Meu, quem é que tira fotos de cadáveres e coloca em um site? Se bem que... Já gravaram até vídeo de um cadáver. Então, não duvido que tenha esse tipo de gente. -qqq

Muito bem escrito seu texto! Gostei demais dele. Foi uma boa leitura! Está de parabéns!