Crianças
Julih
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 12/10/16 19:16
Editado: 03/03/18 16:40
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 4min a 5min
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Palavras: 658
Livre para todos os públicos
Capítulo Único Crianças

Aos seis anos de idade, na escola na esquina de minha casa, eu comecei a andar no mundo de verdade. Claro, a maldade passava de longe, mas isso não significava que problemas deixariam de acontecer de tempos em tempos.

Desde o primeiro ano, fui sempre bem popular. Conseguia falar com todos, apesar de não conhecer ninguém relativamente especial.

No terceiro ano as amizades foram se afunilando, até que eu tinha uma única amiga próxima: Mariana, ou Nana, seu apelido.

Nana era tinha duas irmãs menores, que eram gêmeas. Eu, sendo filho único, nunca entendi as reclamações dela, nem podia entender a graça em ter irmãos.

Ao final do primeiro semestre, eu descobri que meus pais estavam prestes a se divorciar. Naquela época, eu fugi para a casa dela, com esperança de que eles continuassem juntos.

Não funcionou.

No final de setembro, meu pai e minha mãe estavam definitivamente separados, cada um no seu canto. Fiquei com meu pai, já que a casa onde eu morava na época era da minha avó paterna. Minha mãe me visitava todo final de semana e, durante os feriadões, eu ia para a casa dela, numa cidade à três horas de distância.

Nana sempre me ajudava a arrumar e desarrumar as malas e, nós, seguiamos felizes com a vida.

Ao começo do quarto ano escolar, uma das irmãs dela ficou muito, mas muito doente. Ela estava com leucemia, foi o que os médicos falaram. Durante os próximos dois anos, eu vivia com Nana e sua família, ajudando principalmente pelo bem estar da minha amiga. Todos os dias eu os visitava e voltava para casa bem tarde.

Em maio do sexto ano, quando Nana e eu estavamos prestes a completar onze anos, o veredito foi dado: a gêmema faleceu, após tanto lutar contra a doença. A paulada foi tão grande que, naquele ano, nós não comemoramos e nem fizemos alguma festa.

Porém, se soubessemos o que estava vindo em nossa direção, acho que ignorariamos todas as tristezas.

No final daquele ano, foi dita a regra: eu estava indo para uma instituição militar privada, já que a escola atual só ia até o sexto ano. Nana, por outro lado, estava indo para um convento.

Nós pudemos ficar juntos até janeiro, onde nos despedimos. Não foi possível manter contato por cartas, porém...

- Nana, quando nós nos formarmos, vamos comemorar juntos, tudo bem? - Eu perguntei.

- Só se tu tiver notas boas, alguma vez na vida. - Ela riu debochando da minha cara. - Aceito.

Porém, na formatura do fundamental, nada aconteceu. Muito menos na do médio, que foi solitária. Eu segui para uma faculdade de psiquiatria, onde me formei após seis anos. Nana nunca mais passou pela minha cabeça.

- Antigamente o dia das crianças era tão feliz... - Falei para mim mesmo, sentado em um banco no ônibus.

- O que aconteceu? - Uma mulher ao meu lado perguntou.

- Ah, é só que terminei um relacionamento de dois anos a uma semana e, quando eu era mais novo, a família se reunia nesse dia. - Suspirei. - Estava apenas me lembrando.

- Quer uma bala? - Ela colocou uma bala de morango na minha mão. - Espero que se sinta melhor.

A mulher saiu pelo ônibus na próxima parada. Após as portas se fecharem eu olhei pela janela e rapidamente me pus de pé. Mas, o ônibus já estava andando.

Quando a próxima parada chegou eu corri como um louco até a anterior e segui todos os rastros daquela garota. Depois de me perder por algumas ruas, avistei a silhueta mais uma vez.

- Ei! - Gritei, longe da mulher. Quando ela se virou, pude ver que não havia me enganado.

- Perdeu algo? - Ela gritou de volta.

- Sim! - Disse, ofegante. - A comemoração da formatura contigo, Nana!

Não houve respostas, apenas um longo silêncio onde ela escondeu seu rosto e me permitiu aproximar.

O final verdadeiro, algum dia surge por aí, porém, deixo convosco a última mensagem recebida:

"Feliz dia das crianças, Tuti. Eu vou voltar de noite.

De: Nana."

❖❖❖
Notas de Rodapé

E não me crucifiquem

Apreciadores (5)
Comentários (3)
Comentário Favorito
Postado 13/10/16 11:42

Então ele não reconheceu a Nana no primeiro instante. Esse rapaz aí tem sérios problemas na cabeça, hehehe (ou a Nana deve ter mudado muito, deve tá bem peituda).

Pois é, quantos desencontros acontecem na nossa vida. Felizmente, eles tiveram a sorte de se reencontrar no fim das contas, e reviver aquela forte amizade que tinham. Nesses casos, o amor permite que continuem intimos, mesmo que distantes.

E gostaria de fazer uma sugestão sobre a estrutura do texto: diminua a quantidade de parágrafos. Do jeito que está, a leitura fica um pouco quebrada.

No mais, Juih, o texto tá bacana, com uma mensagem bonita sobre amigos e escrita com palavras fáceis e diretas.

Parabéns!

Postado 13/10/16 13:02

Sobre a quebra de parágrafos: foi intencional nesse caso, mas em contos e crônicas eu tenho esse problema mesmo ahahahaha.

Muito obrigada <3

Ps: A Nana deve estar com o cabelo colorido, se pá. Peitos não mudam a cara da pessoa ahahaha

Postado 13/10/16 13:12

Ele deve ter só olhado para os peitos.

Postado 13/10/16 13:20

Obsessão por peitos, vemos aqui.

Postado 24/08/17 15:52

Me bateu uma bad depois de ler esse texto, e eu nem sei direito o porquê. Não sei se é porque os pais do Tuti se separaram e ele teve a primeira desilusão forte (perder a "família"), se foi a ingenuidade de achar se escondendo iria fazer os pais esquecerem-se do divórcio, se foi pela amiga que sempre esteve junto com ele e ele junto com a amiga, se foi o afastamento, ou se foi o destino juntando-os novamente.

Não sei dizer onde o tiro foi mais certeiro.

É uma história linda. E eu quase chorei com a Nana com esse reencontro. Só te dou a dica de revisar a história, babe, por conta de algumas pontuações e errinhos de digitação.

No mais, bela obra ♡

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Postado 25/08/17 00:04

Reli agora e: MEU DEUS DO CÉU COMO EU PUDE PUBLICAR ALGO COM TANTOS ERROS.

Thanks <3

Postado 23/11/17 14:25

Acho que alguém precisa de óculos. Como assim não conheceu a menina logo de cara? Que pessoa mais desatenta! T.T

Julih, esse texto é muito fofinho. Tá que é fora do meu estilo de leitura e tudo, mas ainda assim eu posso dizer que gostei! u_u

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Postado 04/12/17 13:51

Algumas pessoas mudam bastante, hein <3

Aaaaawn <3

Obrigada <3