Era uma noite como qualquer outra na casa conhecida pelo nome de Casa Insana. Alguns dizem que a casa tem esse nome porque exatamente à meia-noite do dia 31 de Outubro é possível ouvir vozes sussurrando a palavra “insane!” incessantemente.
Joice brincava com Morgana no quintal, Lucia ouvia funk no quarto, Victoria fazia biscoitos na cozinha, Manoel estava vagando pelos corredores escuros casa, Pamela lia Psicose na varanda, Flávia assistia Pânico na sala e Giordano preparava-se para dormir.
Tudo estava insanamente (a)normal, até que um grito agudo ecoou pelos quatro cantos da casa. A gritaria frenética vinha do quarto do Giordano, e todos os outros não hesitaram em correr para socorrer o amigo.
Lucia foi a primeira a invadir o quarto. Ela estava com um prato de vidro um pouco sujo de pudim nas mãos. Pamela e Flávia chegaram logo em seguida, e poucos segundos depois os outros apareceram.
- O que aconteceu, Giordano? – Perguntou Lucia, nervosa.
- Eu vi... Eu vi...
- Viu o que, criatura? – Victoria estava impaciente.
- Ela estava bem ali, eu sei que estava. – Tremia freneticamente.
- Ela quem, Xiou? – Flávia não aguentava mais o suspense.
- Cara, fala logo o que está acontecendo. Eu deixei Satã falando sozinho no meio do corredor. – Manoel, o mais estranho e sinistro habitante da casa, pronunciou-se, assustando os demais.
- E eu preciso voltar para a Morgana. – Joice, embora fofa, tinha uma expressão aterrorizante.
- Ela era enorme. Gigantesca!! – Falava enquanto corria pra se “esconder” atrás da Lucia.
- Giordano, a única pessoa que pode fazer drama nessa casa sou eu. Fala logo o que aconteceu! – Pamela, assim como os outros, estava perdendo a paciência.
- Era uma faca! Uma faca gigantesca, ‘tá legal? Acho que ela foi pra debaixo da cama.
- Não acredito que deixei meus biscoitos queimarem por causa de uma faca! Menino, facas não andam. – Falou Victoria, já saindo da posição de ataque e jogando a frigideira em cima da escrivaninha.
- É verdade! Eu não mentiria. Ela realmente andou. Eu vi com meus próprios olhos.
- Xiou, você bebeu a cachaça da Lucia? – Flávia perguntou, jogando o controle remoto dentro da frigideira.
- Eu não bebo. – Falou impaciente. – Lucia, me ajuda!
Nesse meio tempo, Joice já havia voltado a uivar com sua querida poodle e Manoel estava mais uma vez compactuando com seu líder submundano. Lucia, com muito esforço, conseguiu fazer com que Giordano a soltasse e foi olhar debaixo da cama. Por mais incrível que possa parecer, a faca realmente estava lá. Como chegou ninguém sabe, mas ela definitivamente estava lá.
- Gente, está aqui! – Confirmou Lucia, erguendo a faca.
- Pudim, coloca essa coisa pra lá! Ela está possuída. Eu sabia que tinha sido uma péssima ideia mudar para essa casa assombrada. Outro dia mesmo eu encontrei um rato morto sem um pingo de sangue e agora isso. – Falou Giordano, escondendo-se atrás da Pamela.
- Hyu, me dá pra cá. – Pediu Flávia. – Vou colocar ela na minha preciosa coleção. – Disse, com um sorriso sádico nos lábios.
Flávia saiu pela porta sem ao menos olhar para trás, Victoria voltou para seus biscoitos de abóbora e Pamela para seu livro. Agora restavam apenas Lucia e Giordano no quarto e... O que acontece no privado, fica no privado.