"Foi aos doze anos que tudo aconteceu, eu estava brincando com meus amigos quando um enorme caminhão passou seguido por um carro branco. Eu teria ignorado aquele fato do mesmo modo que ignoro a luz do quarto ligada, mas eles pararam na minha rua, na casa de pedras cinza coberta por vigas, e árvores que por motivos que nunca vou entender, davam apenas flores. Fiquei extremamente decepcionado com a família que iria morar ali, duas semanas atrás Peter e eu havíamos decidido montar um clube naquele lugar, e agora esse pensamento jamais entraria em pratica.
Quando cheguei em casa contei para minha mãe toda a frustração e ela disse:
- Anime-se Thomas, soube que eles tem uma criança - fiquei esperando por um algo a mais.
- é tudo que eu sei. - revirei os olhos e fui para meu quarto. Minha casa era larga, então meu quarto tinha uma janela que dava direto para a rua, bem em frente a casa cinza. Depois da informação que minha mãe me deu, passei dias olhando pela janela para ver que criatura pequena sairia de là só que foi em vão, em uma semana não se via qualquer movimento vindo do outro lado, era quase como se não morasse ninguém lá, mas foi na primavera que algo aconteceu. as flores brancas da casa estavam mais cheia de vida e foi quando coloquei meus pés na calçada que eu a vi . Ela. tinha cabelos negros ondulados que iam ate a cintura, e a pele morena desbotada mais legal eu que já havia visto. Ela ficava pulando e puxando os galhos da árvore para baixo, segurava uma flor e brincava com suas pétalas e quando as soltava elas estavam roxas, ela estava pintando as pobres flores?
Depois de mais um tempinho a observando, decidi que deveria esta parecendo um idiota e fui ate ela
-eh...- onde estavam as palavras? Ela saltou para trás com os olhos arregalados sobre mim, eles tinham a cor da safira que minha mãe via em um programa chato de joias.
- olá - murmurou
- oi, meu nome é Thomas, moro na casa da frente - comentei. Ela abriu um sorriso banguela e disse - eu sei, você é o menino que olha pela janela sempre que pode, você é muito curioso Thomas - retrucou com um sorriso ainda maior. Dessa vez eu que fiquei com os olhos arregalados, podia sentir a vergonha tomar conta do meu rosto e o jeito como ela disse meu nome estava errado, se pronunciava "tomas" não "tumas"
- então...porque esta pintando as flores? - perguntei sem jeito
- flores novas para uma família nova - então ela pegou uma flor e eu fiquei esperando algum pincel ou sei lá, mas a menina fechou os olhos e o roxo explodiu nas pétalas brancas, aquilo foi incrível !
- você é estranha - a frase simplesmente saltou dos meus lábios.
- E você é normal - sussurrou.
- porque esta falando baixinho?
- Deixa o mundo mais calmo. você pergunta demais Thomas, mais alguma coisa?
Ela tinha ideias interessantes - sim, qual é o seu nome? - ela concentrou seu olhar no meu, encostou a ponta dos dedos no meu pulso e falou - Cetra.
Cetra passou as mãos pelo seu vestido preto, me deu uma flor roxa e branca e entrou em casa. Mais tarde antes de dormir vi que tinha uma mancha pequena no meu pulso, mais escura que minha pele, quase como uma marca de nascença no formato de um "C".