27 de março de 2016
Amor,
lembra quando nos conhecemos? Era sua festa de 20 anos e eu estava de penetra por causa de um amigo em comum. Lembra dele? Deve lembrar, foi ele que vivia dizendo que formávamos um casal fofo. E também foi por causa dele que nos metemos em grandes encrencas. Foi divertido.
Gosto de ressaltar que nem sempre nos demos bem. Brigávamos de mais no colégio e depois na universidade, como verdadeiras rivais nesses filmes hollywoodianos. Quem diria que naquele seu aniversário eu acabaria sendo sua e você seria minha? Nos despedimos com um beijo; você com certeza não esperava aquilo também e amei ver suas maçãs do rosto corando. Isso foi no início no verão e passamos o resto dele bem juntinhas.
Pegávamos escondidas o vinho dos seus pais quando eu dormia na sua casa. Conversávamos sobre tudo e nada. Sobre o presente e sobre o futuro. Promessas e promessas. Perdíamos a noção do tempo. Qualquer carinho parecia ser demais. O simples fato de estar junto com você já era o suficiente, me deixava calma. Eu tinha medo. Medo de gostar de você demais. Porque amar demais não estava nos meus planos.
Terminei com você, sem mesmo termos oficializado o que tínhamos.
Nossa, como você ficou com raiva. Em outra vida eu espero não cometer o mesmo erro. Espero manter a promessa de te fazer feliz e enfrentar o mundo com você mais uma vez, porque eu sei que você me manteria no rumo certo e não me deixaria ir embora. Como de fato não deixou daquela primeira vez. Argumentou comigo até que te pedi em namoro quando você parou de falar.
E nunca mais ficamos uma sem a outra.
Nunca fui boa com palavras ditas, você sabe disso, eu nunca seria capaz de te dizer o quanto eu fico feliz por ter te conhecido. Como eu sou grata por aquele nosso amigo ter me feito entrar na sua festa.
Você é incrível, sabe. Mesmo sendo mais nova que eu, por vezes foi mais madura. Me fez ver meus erros e crescer como pessoa. Por isso eu te amo. Demais. Lembre-se disso. Queria poder dizer isso muitas e muitas vezes mais, porque você merece.
Em outra vida eu espero poder ser sua garota de novo. E manter todas as promessas que te fiz.
PS: C, eu te amo.
L.
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03 de abril de 2016
Leu mais uma vez aquela carta escrita com dificuldade. E ela sabia que havia sido difícil para L se expressar, ela nunca foi disso, de conseguir verbalizar o que sentia. Não é sempre que se encontra uma pessoa tão especial para se passar o resto da vida, mas as vezes parece que o tempo e o destino não estão de acordo.
A mulher na casa dos 40 anos estava sozinha. Uma rosa na mão, branca, igual as da decoração de seu casamento anos atrás. Estava pensando em como seria bom ter uma máquina do tempo, mas o mundo real não é como nos filmes. Tinha que dizer adeus mais uma vez. Talvez fosse hora de seguir em frente.
Abaixou-se diante da lápide, soltou a rosa e disse suas últimas palavras:
--Em outra vida eu serei sua garota, mais uma vez. Que nos encontremos de novo.
L.
Amada esposa e amiga
12/12/1965 – 03/04/2015