O que fizeram conosco?
Até onde escolhemos a vida que levamos?
Pelos deuses, estamos tão acostumados a seguir o fluxo da vida a orbitar a humanidade que nos esquecemos de ser verdadeiros humanos.
Como relógios suíços: precisos, certeiros, imparáveis;
Deixamos apenas nossos ponteiros girar e girar de modo completamente enfadonho enquanto não precisamos mexer em suas engrenagens.
Quando chegamos nesse ponto de nosso comodismo?
Olho-me no espelho e não reconheço-me mais, enquanto olho para você e me pergunto onde a gente se perdeu.
Nos disseram para crescer, para sermos adultos, exigem de nós a estabilidade que o mundo não tem.
Perdemo-nos aí?
Nas existências de um mundo que não é capaz de suportar as infinitas concepções de seus seres;
Ou perdemos-nos tentando nos achar?
Não quero ver essa imagem embaçada no espelho, meu reflexo não me pertence, não o reconheço, parem essa máquina, parem o mundo, estou me perdendo em suas engrenagens.
Somos experimentos numerados e classificados ainda quando nascemos para sermos tudo aquilo que os astros dizem.
Mas eu ainda quero viver.
Não os deixe tomarem os respingos de vida que ainda estão presos na minha alma.
Pare as engrenagens e deixe os ponteiros livres.
Eu só quero respirar...