Moça, desliga essa tevê
Que teu cabelo crespo é tão belo
E esse envolto dele no teu rosto
Faz dos teus cachos tão mais originais
Que aquele loiro vendido nos comerciais.
Moça, desliga a tevê
Que quando mostram só homens decidindo o futuro do país
E, por um mero acaso, são todos caucasianos,
Vão te gritar que é tudo uma questão de mérito
E que os que lá estão são aptos aos seus respectivos cargos,
Mas aí não te esqueças
Que as mulheres sãos mais da metade de população,
Que os "de cores" são maioria percentual
E, ainda sim, tão poucos estão por lá...
Parece que comprovamos a burrice destas minorias sociais,
Todos acéfalos, mimizentos, sem capacidade de conquistarem o próprio pão!
Moça, desliga essa tevê
Que o moço que tu eras não tem culpa de não se identificar com o corpo,
Que somos apenas uma parte da nossa própria identidade
E não se identificar com o que é presente
É só um indício de querer mudança.
Moça, desliga essa tevê,
Levanta e rema contra a maré
Que o que te faz engasgar e lacrimejar os olhos,
O que te impede de ser quem és
Cairá com as barricadas.
Os riscos que te mancham a alma,
Os xingamentos e infortúnios atrasos
Cairão com as máscaras de que somos nossa aparência.
Moça, levanta,
Que quem luta contra teu direito
Assina os termos e decretos de uma cadeira confortável
E não tem intenção em compreender o que gritas por dentro.
Moça, a luta é por aceitação
É por saberes quem és
E para que não exista quem diga que "não, não és não",
É por aceitar que amor é aquilo que transborda o outro,
É o olhar carinhoso, o afeto de um abraço, um suspiro aliviado.
Os conflitos cessarão,
Tua imagem será só tua,
Um dia, quando a luta for compreendida
Os sarcasmos e deturpações serão passado
A tevê deixará de estereotipar tua imagem,
De desincentivar tua causa
E teu mérito será poder ser.
Um dia, quando ser for permitido
O "estar" nas ruas será desinibido
E o incessante cl(amor)
Será ouvido sem qualquer difamação,
Sem sprays, canetadas ou agressão.