Poesia seria trabalho para aranha,
se não fosse a ventura do poeta.
Pois ambos, das entranhas com mão reta,
tecem os sonhos que esta vida estranha.
Em precisão cirúrgica, tamanha,
nas finas garras e na pena asceta,
é forjada uma estrela, que completa...
É armadilha fatal que o signo apanha.
Portões por sobre o sol hoje levantam,
vão caindo como véu frio - estrelado;
Poeta e aranha aqui se encontram, cantam
na morbidez fria e muda do quadrado,
Onde juntos as suas almas plantam...
Ele no papel, ela no telhado.