Dentro de mim, há um pássaro negro e azul, ele é pequeno em meio a imensidão marrom de sentimentos.
Ele é pequeno em relação aos pesadelos que dão uma volta completa em minha vida e, uma hora voltam a me assombrar.
Esta pequena criatura, se afoga em meu mar de ilusões, se confunde no meu vazio com borboletas fumegantes e, se perde pelos caminhos que o amor me leva.
Mas, sinto que por algum motivo, esse pássaro está aqui para promover mudanças... Com suas asas metálicas ele rasga as escamas grossas de cada uma das barreiras dentro dentro de mim, abre suas grandes e cansadas asas e provoca os ventos na minha barriga e voa longe entre meus órgãos pendidos entre os nervos.
Ele desvenda os vários Limbos que existem na minha alma, com seu bico ele abre um buraco em minha pele, recebe por fim a luz do sol.
Minha coluna enrijece.
A epiderme arrepia.
A mente roda num segundo, há mais luzes em meu lóbulo frontal do que estrelas no céu.
A energia do bater de asas toma conta dos meus olhos, que se mechem rápido durante o sono - o que é gerado do sono, toma posse da minha voz.
Minhas cordas vocais tremem e eu danço mais uma vez.
Olho-me no espelho com estes delicados globos cor de musgo que Deus me deu, e reparo em meu sorriso justo aos dentes, que persiste sempre.
Penso comigo que esse pássaro negro metálico que bica minha pele, provoca também essas flores em minhas cicatrizes, ele faz com que minhas veias expostas saltem e se convertam a troncos de árvores.
As árvores feitas de sangue e suor, me dão papel e caneta, e todas estas coisas misturadas complexamente, me dão palavras absurdas para que eu possa escrever meus rudes e delicados poemas.