Fazia dois meses que eu o olhava. Em segredo eu o admirava. Saberia ele o quanto eu o desejava? Seus olhos serenos, sua feição gentil. Sua voz era calma como a brisa da primavera, doce e carinhosamente gentil. Contudo, por mais que o admirasse eu sabia que perfeito ele não era. Fazia piadas comigo, zombava de meus sentimentos e de nada valia com ele ser sincera. Declarei meu amor duas vezes e em ambas fui ignorada. Dizia ele que não se importava, que eu não era nada.
Ainda assim dele eu não desisti. Cortei o cabelo, pintei de mais claro e sempre estava a sorrir. Chamei sua atenção como eu queria, mas logo fui esquecida. Muitos outros agora me notavam, mas era só ele quem eu queria. Chorei tantas vezes triste pela realidade. Ele preferia garotas diferentes, as que tinham mais vaidade. O que faltava em mim? Usava perfume de jasmim, tinha um cabelo bonito e era inteligente, mas ainda assim… ele realmente não estava afim.
Na aula de artes ouvi uma lenda. Que se forem feitos mil origamis um desejo iria ser realizado. Que desde que eu tenha paciência, um grande e satisfatório pedido iria ser concretizado. Foi então que todos os dias assim o fiz. Diariamente mais de duzentos origamis. Eu esperava que após isso enfim seria feliz. Até que o último foi feito. Fechei meus olhos e concentrei todas as minhas emoções. Pensei em tudo aquilo e no quanto tive “culhões”. Pedi que deus me abençoasse com aquela oferta. Juntei os papéis de trouxa e então fiz a entrega. Um bom tempo passou, mas no fiz uma grande descoberta. Quanto a ele eu nunca estive certa. Agora valorizo a mim mesma. Para idiotas como ele jamais estarei novamente aberta.