Era uma vez um homem casado chamado Jefferson. Certa feita, Jefferson chegou em casa tarde, muito tarde. Um gesto corriqueiro, que provocou uma das piores catástrofes em sua vida: o despertar do demônio o qual ele chamava de esposa.
Jefferson abriu a porta de casa, entrou na maciota, na ponta dos pés, e subiu as escadas para o quarto. O objetivo era alcançar a cama e dormir antes que sua esposa notasse sua ausência noturna. O plano seria perfeito se a luz da sala não tivesse se acendido enquanto Jefferson dava o primeiro passo. Dois olhos inquisidores na penumbra, e o inferno começou com uma simples frase:
— Olá, Jefferson.
—… O-olá, amor!
— Olá.
—…
—…
— Amor… O que raios esse taco de basebol está fazendo na sua mão?
— Isso? Antes de responder, será que eu posso saber por que você tem voltado tão tarde pra casa ultimamente?
— Eu? É que… É que… Eu tenho ficado até mais tarde no trabalho. É, é isso. O trabalho anda me consumindo muito, amor. Tudo culpa do Pereira, aquele chefe maldi… Pereira?…
—…
— Puta que pariu! O que o Pereira tá fazendo amarrado no armário?!
— Imaginei que fosse me dizer isso, então fui procurar o Pereira pra saber. Ele desmentiu sua história. Melhor inventar outra desculpa.
—… Oh, mas é claro! Como eu pude me enganar?! Tenho chegado tarde por conta do curso de contabilida… Joilson?… Ele está… Morto?
— Não. Só desmaiado. Essas calculadoras científicas têm um peso considerável quando caiem de uma grande altura repetidas vezes diretamente na cabeça.
—…
— Antes de desmaiar, seu professor disse que tem te liberado cedo todo dia. E aí, tem mais alguma desculpa?
—… É que a minha mãe tem passa…
O celular de Jefferson tocou.
— Olá. Sim, ele mesmo. O quê?! Do hospital?! Minha mãe foi atacada por um louco não identificado enquanto voltava da feira?!
— E aí? Mais alguma desculpa? — a esposa interrompeu.
Ante aos olhos amedrontadores da esposa, Jefferson desligou o aparelho e se ajoelhou:
— Por favor! Deixa eu me explicar, eu imploro!
— Certo. Comece a falar, antes que esse taco voe na sua cara e eu arranque seu pênis igual a chinesa do jornal.
— Então, amor. Eu sei o quanto você ama chocolate, e queria te fazer uma surpresinha…
A esposa suspendeu uma das sobrancelhas.
— Surpresinha?
— É. Ainda não está pronto e nem sei se você vai gostar, mas…
Jefferson arriou as calças e a cueca, deixando seu pênis balançar pelos cantos livremente. Parecia uma cena normal, um cara com o pênis à mostra durante uma discussão com uma esposa psicótica, em meio a uma pessoa amarrada, outra desmaiada e uma terceira em coma no hospital. Parecia, até algo preto pingar do pênis de Jefferson.
— Mas que porra é essa pingando do seu pau, Jefferson?!
— É chocolate. Lembra quando você disse que o gosto da minha porra era muito azedo? Descobri que existe uma cirurgia estética experimental que corrige esse problema, misturando chocolate de verdade no processo. Aí meu pau ficou assim, meio cremoso e tal.
—…
— Você gostou, amor? Diga alguma coisa. Poxa, ele tem uma cara tão bonita!
—…
—…
— Posso provar?
— Claro.
E foi assim que Jefferson escapou da morte certa. Ao enfiar o pênis numa panela com chocolate quente, afastou as suspeitas de sua infidelidade. Ele viveu feliz e contente, proporcionando sexo doce para a esposa e, hora ou outra, servindo de cobertura para o donut de mulheres com quem se engraçava na rua.