Doce desespero.
Existe uma linha fina entre desespero e esperança. E essa linha é quebrada todos os dias. As pessoas passam a vida toda construindo esperanças e metas de vida para que, na mais simples dificuldade, destruam tudo, sendo tomados pelo desespero.
Existe desespero de vários tipos.
Como o desespero de ficar doente, de perder alguém amado, o de estar incapacitado de fazer algo, o desespero da morte e o mais doloroso de todos, o desespero de ser esquecido. Ah, esse deve ser o pior tipo!
Quem diria que meus bons amigos de infância seriam facilmente enganados e manipulados por uma pessoa invejosa, e que um por um, me deixariam para trás. Chorei sem parar até me dar conta do que estava havendo, me tornei um ser que lentamente foi tomado por essa sensação. Até meu corpo começaria a me esquecer e desistir de mim também. Os médicos disseram que meus órgãos estavam parando pouco a pouco por causa de uma maldita doença degenerativa, e, naquele momento, as esperanças e sonhos que criei morreram brutalmente.
Não há beleza alguma em ver seus sonhos se despedaçarem lentamente enquanto tudo que você pode fazer é olhar.
Comecei a pensar – ali naquela cama de hospital sendo manchada pelo sangue que caia da minha boca, dando adeus a vida, sozinho – que finalmente eu passei por todos os tipos de desespero.
E agora enfrentando o desespero da morte percebi o quanto amo essa sensação que não é medo nem angustia, apenas uma sensação única e contagiante. Queria que todos pudessem sentir o quão maravilhoso é.
Um pequeno sorriso falso e um fechar de olhos foi tudo que bastou para dar adeus a vida e ao meu doce desespero.