Final de manhã, último tempo e, como sempre, risadinhas e comentários nada discretos de alunos bobocas. Tudo como sempre fora desde o início do semestre. Rotina me cansa mais do que piadas de mal gosto e por essa razão hoje eu decidi, enfim, mudar as coisas. Não vou dizer que acontecerá algo realmente especial para não criar expectativa…
Enfim a aula acabou. Arrumei minhas coisas bem devagar para que todos os idiotas despreocupados fossem na frente. Odiaria ter que caminhar lado a lado dos mesmos. Já é mais do que suficiente ter que respirar o mesmo ar. Quando saí, o que vi não me surpreendeu. Como eu esperava, pessoas exaltadas conversavam e debatiam assustadas e curiosas. O motivo? A faculdade estava repleta de papeis com os seguintes dizeres: “Hoje as onze horas visitem esse site. Algo colossal está para acontecer”. Ignorei-os completamente e segui meu caminho até a biblioteca. Tinha coisas importantes – e rotineiras – para fazer.
Permaneci lá estudando até anoitecer. Como sempre, saí pelo portão norte, caminhei vinte minutos e cheguei até a estação de metrô. Lá esperei alguns minutos e, depois de pegar a condução, cheguei em casa em meia hora. Cumprimentei meu hamster e me joguei no sofá.
— Que merda de rotina. — Suspirei cansado de tudo.
Bem, ficar no sofá não ia mudar nada. Então me levantei e, depois de tomar banho fui organizar algumas coisas. Chequei e-mails, assisti vídeos, lavei a louça de semanas e fui verificar a corrente dos prisioneiros. Tudo certo, como sempre. Olhares em pânico, ossos sacolejando de medo… O de sempre.
— Estou cansado disso também. — Chutei o que estava mais perto de mim.
Saí do quarto e fui até a sala. Liguei a TV e procurei entre os canais qualquer coisa boa para ver.
— Que horas devem ser? Hum… Oito e vinte. Acho que eu vou apressar a live. Não tem nada para fazer mesmo.
Voltei ao quarto onde os dois prisioneiros estavam, pus a máscara e acendi a luz. Nesse momento ambos gritaram com as mãos em seus olhos. Sorri. Ignorei-os choramingando e implorando e liguei o computador. Li algumas notícias e sem enrolar iniciei a live. Como esperado, ninguém estava online naquela hora. Fiquei meio chateado. Bem, não é como se isso fosse me impedir. Eu queria fazer algo diferente. Ter pessoas assistindo só tornaria a atividade mais divertida. Repentinamente duas pessoas visualizaram. Me empolguei. Apareci na câmera e dei um tchau. Fui ler os comentários e, como esperava, eram bem bobocas.
“Qual foi, mongolão? Que porra é isso?”
“Comprou essa máscara em qual lojinha de 1,99? Kkkkkk”
— Mais do mesmo. — bufei irritado.
Levantei da cadeira e posicionei a câmera de modo que focasse nos dois “rapazes” acorrentados. Nesse momento já tinha dez pessoas. Olhei de relance os comentários:
“Que porra é essa?”
“Mano, isso tá n tá com uma cara boa”
“Caralho, ces n tão vendo que é fake? Bando de otário kkkkk”
Ignorei, caminhei até o armário e o abri. Estava confuso com qual ferramenta iria escolher. Já sei! Voltei ao computador, liguei o áudio e perguntei:
— Qual vocês preferem? — Após pronunciar, os dois prisioneiros tentaram gritar por socorro.
Mutei novamente e levei a câmera até o armário.
“Agulha! Enfia no cu desses retardados uhsuahsuhasus”
“Esse chicote de cacos aí”
“Agulha! Agulha! Agulha!”
Mais de trinta pessoas online. Bem, a maioria pediu agulha então foi o que eu peguei. Pus a câmera no seu lugar de início e direcionei-me até o rapaz mais assustado. O cara tremia tanto que seu maxilar fazia barulho. Oh, quase me esqueci! Preciso desmutar para isso ser divertido.
— Feito. Agora é a parte mais divertida da live. Espero que aproveitem. Para sugestões deixem comentários!
Fui até o rapaz e abaixei. Apenas isso fez o pobre mijar-se de medo.
— Eu realmente não entendo o porquê de todo esse temor. Juro para vocês — olhei para a câmera — que nada fiz desde que os capturei. Bem, na verdade, para tal eu precisei dar uma ou duas pauladas na cabeça, mas tirando isso… nenhuma violência. Até preparei o rango deles. — Ri. — Bem, isso aqui foram eles que escolheram, meu caro. Inicialmente vou usar como eu quiser, mas fique tranquilo que hora ou outra vou realizar um pedido.
O rapaz chorava a ponto de seus olhos transbordarem. O outro permanecia calado no canto. Era o mais velho e o mais resistente. Ainda tentava libertar-se das correntes — mesmo seu pulso estando em carne viva após inúmeras tentativas de quebra-las.
— Bem, estou enrolando demais, não é mesmo? — Fui até as costas do homem e girei um registro de modo que apertasse as correntes impedindo os movimentos do mesmo.
Claro, tudo naquele quarto fora milimetricamente planejado para minha diversão. Foram momentos divertidos fazer o planejamento de tudo, comprar as ferramentas e tudo mais. Deixei os pensamentos de lado e tornei a ficar de frente para o jovem nu.
— Talvez eu devesse tê-los dado banho… que fedor! Urgh. — Peguei o celular do bolso e entrei na live apenas como telespectador. Assim ficaria mais fácil ver os comentários.
“Manoooo que loucura”
“Aposto que ele vai furar o cara todinho”
“Alguém sabe se isso é marketing pra algum filme de terror?”
Pus o celular no bolso e dei início a diversão. Abaixei, peguei um pano que estava no chão – meio com nojo, visto que o mesmo tinha cheiro de urina – e pus na boca da vítima. O rapaz se tremia com todas as suas forças. Podia ver que o mesmo tentava a todo custo vomitar.
— Bem, quer um conselho? Melhor você se conformar. — Com a mão direita segurei a pálpebra inferior do rapaz e com a esquerda enfiei a agulha de modo que a mesma atravessasse o outro lado. Repeti o processo com o outro olho e parei para admirar a obra de arte. Peguei o celular e li os comentários.
“CARALHOOOOO, MANO, TA MUITO REAL ISSO NA BOA”
“Gente, isso não ta legal. Melhor ligar para a polícia”
“Ah, vai tomar no cu. Sai daqui se tu não aguenta, virjão”
Eu não esperava que fosse ter tanta admiração. Esperava, na verdade, que fossem todos odiar ou sentir repulsa. Enfim, guardei o celular. Cada mão segurou uma agulha e repentinamente arranquei-as. O rapaz já não tinha forças para chorar ou implorar.
— Gente, isso está muito básico, não é? O cara nem sangrou! Não queria apressar a diversão, mas isso está bem entediante!
Fui até o armário e peguei um machado. Aquele era especial. Importado, pesado e, principalmente, afiadíssimo. Provei seu poder de corte desfazendo com facilidade a pele da mão do rapaz. Cortou facilmente assemelhando-se ao corte de uma faca em um bolo. Quase tive um orgasmo.
— Finalmente sangue! — Fiz um corte circulando o pulso. Após, com as duas mãos abaixei a pele. — Parece uma luva! — Gargalhei. — Aposto que vocês estão invejando esse lindinho aqui. — Disse mencionando o machado.
“Mano… Sem palavras”
“ligando pra polícia em 3, 2, 1”
Mais de trezentas pessoas online. Notei uma instabilidade na minha conexão. Bem, certamente era a polícia agindo, mas eles não iam conseguir me descobrir tão fácil.
— Bem, infelizmente, você vai morrer rápido. Eu realmente não queria que fosse, mas eu não sou do tipo que gosta de brincar muito.
Fui até o armário e peguei outra corrente. Amarrei-a na outra e ergui com força os braços do homem quase desacordado. Tendo feito isso, rodeei seu corpo com o machado em sua carne cortando de cima para baixo. Era uma linda visão de sangue escorrendo.
— O que estão achando? Lindo, não é?! — Disse orgulhoso. — Vamos acabar com o sofrimento dele logo. Posicionei-me atrás de seu corpo moribundo, apontei o machado na altura de sua cabeça e, sem demora, desferi golpes de força mediana em seu crânio.
Não precisava muito esforço. Sua lâmina era tão poderosa que até fios de cabelo eram cortados durante. Fui até a mesa do computador, peguei a câmera e mostrei o que tinha feito. Pedaços de ossos e sangue com cérebro caiam da cabeça do falecido. Mais de mil pessoas online. Quem diria? Eu não esperava tanto.
— Estão gostando? Eu sei que sim. No fundo todo mundo que está assistindo queria poder fazer isso, mas lhes falta coragem. — Ri debochando. — Eu não esqueci de você! — Olhei para o rapaz ainda vivo no outro canto.
Em seus olhos não havia mais nenhum vestígio de resistência. Parece que a cena o fez despertar e conformar-se que não havia saída. Caminhei até ele e o livrei da corrente que o prendia na parede. Permanecia preso, contudo, pois suas mãos e pés estavam algemadas.
— Vá até seu amigo e coma seus restos. — Disse entediado enquanto colocava a câmera sobre o armário. O homem me olhou chocado. Seu olhar expressava confusão e medo. — Ah, não me faz repetir.
O homem engoliu seco. Após alguns segundos, com dificuldade pôs-se de pé. Caminhou devagar. Eu podia ver seu suor escorrendo. Ele olhou para os restos do outro e teve ânsia de vômito. Confesso que senti um pouco de pena. Ele fechou os olhos, segurou os braços do falecido e lentamente se aproximava.
— Argh, que demora! — Impaciente desferi um golpe no rosto bonitinho. Sangue jorrou na parede.
O homem caiu completamente sem forças, embora vivo, no chão. Agonizava tentando impedir o sangue de se esvair completamente de seu rosto. Peguei-o pelo pé e o arrastei até o canto que estava no início. Amarrei suas pernas e girei outro registro dependurando, então, seu corpo. Debatia-se amedrontado implorando para deixar-lhe vivo. Seu sangue pingava como uma torneira.
— Bem, acho que termina aqui. — Olhei o número de pessoas online e ri. — Uau, mais de mil pessoas! Me sinto famoso! — Gargalhei. — Como presente, deixarei a live acontecer até que o rapaz morra, ou até que interceptem-me. Vejo vocês qualquer dia desses! — Já estava a ponto de sair quando vi comentários surgirem com uma velocidade incrível.
“Ei, responde a gente!
“Cara, isso é sério? Não pode ser…”
“Mano, melhor teaser ever! Me surpreendo com o marketing desses caras”
“vou ver esse filme nem que eu me prostitua pra ganhar dinheiro! Uhasauhshua”
— Ok, o que querem saber? — Li os comentários em busca de perguntas interessantes no meio daquela enxurrada de bobocas. — Oh, sim. Bem, eles dois não são pessoas que eu odeie ou coisa assim. Na verdade nem conheço os nomes. — sorri — Escolhi-os aleatoriamente. Andando na rua a noite.
“Vai deixar ele vivo?”
“O que vai fazer depois?”
— Como eu disse, vou deixar ele pendurado aí até que alguém apareça. Será que ele vai ter a sorte de sobreviver? — Ri alto. — Bem, como eu sei que a polícia já está tentando descobrir meu paradeiro, vou fazer o que fiz da última vez. Sair do país, recomeçar uma nova vida e, quem sabe, me divertir assim de novo. — Pus a mão direita ao lado da boca e cochichei — Dica para vocês, queridos oficiais. — Ri debochando. — Bem, é isso! Até a próxima, pessoal!
Saí do quarto, arrumei uma mala com roupas e saí com a gaiola do meu hamster em mãos.
— Vida nova! — Suspirei renovado.