Eu sou alguém,
mas eu não sou qualquer alguém.
Quando se diz alguém,
é uma palavra tão vaga.
É alguém de quem?
É quem? É pronome?
É nome de pessoa?
Alguém é uma pessoa,
ou é somente, hipoteticamente,
um ser qualquer?
Eu era um alguém,
com complexo de ninguém.
Eu era vaga, era indefinida,
eu era aquela que não fazia falta,
aquela que não sorria.
Era uma pintura enquadrada,
o fundo da fotografia.
Hoje em dia,
eu sou um alguém,
e sinto-me feliz,
pois somente por ser alguém
significa que eu não sou
ninguém.
Muito prazer.
Eu sou alguém.