Não sei se você se lembra daquelas minhas caixinhas, mas se quer saber, elas continuam bastante bagunçadas. Você mal começou a fazer a tua arte e largou tudo nem pela metade. Aos poucos você foi se tornando invisível naquele espaço branco cheio de caixinhas desorganizadas, parecia se camuflar no vazio imenso, e elas continuaram lá, largadas pelo chão depois de um chute forte.
Disse que eu poderia confiar em ti, confiei, mas não foi o suficiente, talvez. E agora estou mais uma vez perdida numa bagunça. Dessa vez, infelizmente deixada por mim mesma. Depois que você se tornou invisível, acabei me desorganizando mais ainda. Perdi-me no meio de tantas caixinhas jogadas. E eu ainda não sei como deveria reorganizá-las.
Talvez eu pudesse coloca-las de acordo com os tamanhos, fazer uma pirâmide, fazer um cubo gigante, fazer uma trilha interminável de caixinhas. Só que eu sei que nada seria tão único quanto tua arte excêntrica. O único que pode organizá-las de um modo que me deixe satisfeita, certamente é você, mesmo que o tempo passe e que tantas coisas aconteçam. Então eu peço, por favor, se você puder reaparecer, apareça mais uma vez nesse espaço tão vazio sem você e reorganize-me.