Mansão Assombrada
D
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 10/12/15 00:47
Editado: 02/01/16 02:10
Gênero(s): Drama Mistério Suspense
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 1min
Apreciadores: 13
Comentários: 5
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Palavras: 191
Livre para todos os públicos
Notas de Cabeçalho

Então, era pra ter feito no Halloween mas como eu sou enrolão pra escrever acabou saindo no dia seguinte.

Pelo menos não acabou trancada na gaveta como a maioria das minhas outras ideias hehe.

Boa leitura ^^

(Escrito em primeiro de Novembro de 2015)

Capítulo Único Mansão Assombrada

Em suas paredes pálidas exibe-se angústia em acúmulo, sofrida por todos aqueles que ali habitaram e hoje jazem em túmulo. Almas penadas de lembranças passadas, que por acaso ou destino se foram e extraíram de lá o bem-estar, o amar e o pouco que ia restar.

Desprovido de esperança, liberdade ou sequer medo, o local parece ainda maior de tão vazio, tão escuro, tão moribundo. Em seus muitos quartos, dormem apenas fantasmas mal resolvidos que foram prontamente intimados a depositarem em si sua culpa e remorso.

De tempos em tempos, transeuntes e aventureiros se arriscam a explorá-lo, duvidando do risco indicado pelos sinais de “mantenha-se distante”. Mas eles sempre se decepcionam, se arrependem, e acabam juntando-se às demais assombrações que vivem ali.

Eles não entendem. Não creem que ali não cabe vida, não cabe luz, não cabe vontade, não cabe paixão. Cabem apenas as fotografias no velho álbum, as cartas escritas a mão, as flores mortas, o pequeno enxoval rosa, o sofrimento, o pesar e as memórias do futuro de uma família que nunca conheci.

No parto partiram e levaram consigo meu coração. Em seu lugar, restou apenas uma mansão assombrada.

❖❖❖
Apreciadores (13)
Comentários (5)
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Postado 10/07/16 20:37

É um tanto estranho reler esta obra depois de todo este tempo e sentir que agora, verdadeiramente, o peso mórbido e soturno da história, em especial de seu desfecho.

O senhor utilizou de uma sutileza e tanto para narrar, de uma forma poética, dramática e pesarosa, toda a dor que uma pessoa pode encerrar na sua "mansão", com todos os espectros e as mazelas que eles portam/representam...

Que pessoa não possui ao menos um cômodo que seja habitado por tão miseráveis manifestações, que ser humano não guarda em si ao menos um cubículo imundo, degradado, destruído e trancado como um câncer mal curado?

É uma história muito triste, Sr Daniel... E igualmente bonita, em seu trágico modo... Parabéns! Deveria escrever mais/novamente, Diretor.

Atenciosamente,

Um ser que chafurda em ruínas que ele próprio gerou, Diablair.

Postado 12/07/16 12:00

Obrigado pelo belíssimo comentário, Manu! Realmente, a ideia dessa obra foi trabalhar com sutileza toda a tristeza e amargura que pode habitar no coração de todos nós, em intensidades diferentes, dependendo das experiências ruins que vivenciamos.

Como comentei com o Thomas, existe uma história concreta no texto, uma razão para o personagem se sentir como se sente, mas ela foi apresentada de maneira sutil, quase escondida, intencionalmente, para que o foco da obra fosse mais na consequência, no sentimento, do que na causa.

Tenho certeza que todos podemos nos identificar pelo menos um pouquinho com o que é ter tais sentimentos, e de certa forma fico feliz por ter escrito algo com o qual você se identificou, e triste pelo mesmo fato.

Ei de voltar a escrever mais um dia, quando a inspiração voltar a visitar e a preguiça ir embora hehe

Obrigado e até mais o/

Postado 26/06/16 14:27

Sei lá. Acho que entendi as entrelinhas do texto, mas ainda não sei ao certo.

Postado 04/07/16 02:02

A história escondida no texto é a de um homem que perdeu a mulher e filha no parto - o que o deixou eternamente angustiado e incapaz de sentir qualquer coisa além de tristeza e culpa.

Porém, mais que isso, a ideia foi representar os sentimentos de alguém que passou por experiências traumáticas na vida a ponto de sentir que não consegue mais amar ou ser feliz. No lugar de seu coração, há apenas uma mansão assombrada.

Obrigado por comentar ;)

Postado 04/07/16 07:54

Disponha. O que imaginei é uma pessoa que se apaixona fácil, mas que seus amores não são recíprocos e só lhe resta lembranas dessas pessoas. No caso, vultos em uma casa, em seu coraão. Hehe

Postado 07/07/16 15:27

É uma interpretação válida até certo ponto hehe. A história discreta que eu descrevi realmente está ali, e pode ser notada devido aos trechos "fotografias no velho álbum", "pequeno enxoval rosa", "futuro de uma família que nunca conheci", "no parto partiram", etc. Mas, tirando isso, os sentimentos tratados no texto podem se aplicar a várias situações diferentes, e a minha ideia realmente foi trabalhar mais esses sentimentos de uma forma abstrata do que a história concreta em si.

Postado 15/10/16 19:10

Hey, lover. saudades dos seus contos :)

Postado 15/10/16 22:30

Obrigado, mor <3

Um dia quando eu tiver mais tempo livre talvez eu volte a escrever com mais frequência xP

Postado 23/10/16 13:18

Sensacional. Li e reli duas vezes, e gostei muito das interpretações que podemos fazer: uma, de caráter metafórico, segundo qual a mansão é um coração do qual foi retirada qualquer esperança em razão da morte de pessoas amadas; a outra, de que realmente se trata de uma mansão assombrada. Parabéns pelo conto!

Postado 04/11/16 21:00

Muito obrigado pelo comentário, a ideia era ter múltiplas interpretações mesmo ^^

Postado 14/10/21 13:53

Uuuuhh, o final.

Eu todo pimposo imaginando a mansão, esculpida de forma tão bela com as palavras poéticas e cuidadosas dessa prosa, pensando na aparência física, nos fantasmas rondando os quadros, no vazio soturno e no que poderia ser o cerne, a causa para tanto... Lá estava eu, na paz de espírito, me indagando qual a aparência da própria assombração, até que chegam os dois últimos parágrafos, ligando todos os pontos. Ai. Apenas.

Mas o texto está maravilhoso. Minha parte favorita foi o uso das palavras em si, você construiu um clima muito forte e muito rápido. Admiro muito esse tipo de concisão, que pra mim é bastante difícil de fazer. Foi muito inspirador!