Diário de Vera Lúcia Batista Aguiar

As grávidas da noite natalina.

Escrito 24/12/22 02:50

As grávidas da noite natalina.

Gustavo e Marina eram um jovem casal, ambos tinham 35 anos. Gustavo trabalhava no escritório de advocacia de seu pai e Marina trabalhava como arquiteta. Os dois planejavam o primeiro filho há cerca de um ano, pagavam um plano de saúde para ter cobertura do parto.

Marina ficou grávida e há 8 meses iniciou o pré-natal com uma competente obstetra.

Carlos e Maria, também, eram um jovem casal. Maria tinha 29 anos e Carlos 36 anos. Ela, Maria, coletava materiais recicláveis nas ruas. Carlos trabalhava vigiando carros e, também, coletando materiais recicláveis. Carlos e Maria, moram numa pequena casa com dois cômodos.

Maria é mãe de uma menina, chamada Alice, que mora no interior com sua mãe. Agora, Maria está esperando o seu segundo filho. A cerca de nove meses iniciou o pré-natal no posto de saúde.

Hoje, 24 de dezembro todos comemoram a noite de Natal. Gustavo e Marina estão na casa do pai de Gustavo, numa grande e farta ceia com peru, rabanete, arroz de forno, leitão assado, frutas, verduras, sucos e vinhos. Todos estão muito felizes, mas Marina deseja ir na barraca de venda que fica perto do seu trabalho para comer uns churros. Gustavo, mesmo contrariado, vai com sua esposa até a barraca que vende churros e outros lanches.

Noutro lugar daquela cidade, Maria e Carlos contam moedas para comprarem alguma comida naquela noite. Após a contagem, ele veem que dá para comprar um cachorro-quente e um copo de suco que, para aquele casal, será o jantar naquela noite de natal. Assim, vão até à barraca que vende cachorro-quente, churros, refrigerantes e sucos.

Gustavo chega na barraca com sua esposa para comprar churros, Marina escolhe uma mesa e senta. Na mesa ao lado estão Carlos e Maria jantando um cachorro-quente.

Carlos percebe que Marina está grávida e olha, pois nota a barriga daquela mulher quase do tamanho da barriga de sua esposa. Então, Carlos percebe que a cadeira está se quebrando com a moça e corre para não deixar ela cair, ele segura moça e não a deixa cair.

Logo, Gustavo ver e pergunta o que está acontecendo imaginando que ele está incomodando a sua esposa. Inevitável julgamento, pois é um rapaz mal vestido.

Marina sorriu e falou: __ Ele evitou que o pior acontecesse. Eu cairia, pois, a cadeira estava quebrando.

O rapaz arrogante agradece ao rapaz prestativo por não ter deixado sua mulher cair. Depois dos ânimos calmos, os dois homens resolveram juntar duas mesas. Aliás, no Natal é sempre necessário construir novas amizades. Carlos busca Maria na outra mesa, enquanto Gustavo troca a cadeira que Marina estava sentada e junta outra mesa com mais duas cadeiras.

Maria comeu apenas metade de seu cachorro-quente, parecia não está muito bem. “Vamos para casa. Guardarei a outra metade para você comer mais tarde, caso sinta fome”, fala Carlos. Quando a moça se levanta da cadeira para ir embora sua bolsa rompe. Todos, escutam o forte grito que ela dá.

Logo, Gustavo e Marina oferecem ajuda para levá-la no hospital mais próximo, Carlos e Maria aceitam o gesto do espírito natalino. Dentro do carro de Gustavo e Marina, Carlos e Maria desejam passarem primeiro em casa, pois precisam pegar os documentos. A casa ficava pertinho da casal da barraca de lanches. Ao chegarem na casa, Gustavo e Marina se surpreendem com a pequena casa aquele casal pobre.

Os quatros seguem para o hospital público em busca de atendimento para Maria, mas a maternidade está lotada e tem não como fazer a internação. A bolsa já estava rompida, Maria com fortes dores teria que ser levada para o outro lado da cidade, aonde ficava mais distante, e, para complicar, estava acontecendo uma festa de Natal na avenida que seguia a direção daquela outra maternidade.

O casal, Gustavo e Marina, fica muito preocupado por perceber o bebê de Maria e Carlos estava prestes a nascer. Ali perto fica a maternidade do plano de saúde que Marina paga. Gustavo liga para lá e pergunta se é possível receber uma mulher prestes a dar à luz, mas que não tem como pagar no exato momento e, a recepção do hospital, negado a internação sem o pagamento na hora da internação.

Marina tem uma ideia, “Gustavo você está com meu cartão do plano de saúde?”, pergunta ela. “Sim, estou, não saio de casa sem o cartão”, responde Gustavo. A ideia rápida da moça é levar Maria em seu lugar já que as duas são parecidas (cor e tamanho dos cabelos).

Gustavo fica com medo, pois é crime de falsidade ideológica se passar por outra pessoa, e, para piorar, ele seria cúmplice. Mas, em meio a preocupação com a moça prestes a dar à luz, aceita o plano da sua esposa e, leva Maria se passando por Marina.

Chegando no hospital particular, na recepção, ele mostra o cartão do plano de saúde. Por sorte, não é perguntado muitos detalhes da vida de Marina (Maria), pois a moça já está com bebê prestes a nascer.

Gustavo entra na maternidade com Maria como se fosse o pai do filho dela, segurando uma pequena bolsa velha com itens de bebê, pois o enxoval do bebê tenha sido doado. Aquele detalhe chamou um pouco atenção das assistentes administrativas do hospital, enquanto Carlos espera com sua esposa Marina no carro.

Logo, nasceu o bebê com cordão umbilical enrolado no pescoço. A obstetra e a pediatra, da equipe que realizaram o parto, falam que não poderia demorar mais tempo porquê o bebê teria morrido asfixiado.

Gustavo emocionado ouve o choro do bebê como se fosse seu filho e fala para Maria que está tudo bem com o bebê. Logo, a obstetra que fez o parto liga para obstetra que acompanha Marina no pré-natal, falando que ela já deu à luz a um lindo menino. Marisa, obstetra de Marina resolve ir até a maternidade, pois o bebê que Marina esperava era uma menina. Se nasceu logo seria prematura, além da falta de sentido na diferença de sexo da criança. Marisa, vai rápido para ver o acontecido na maternidade, já que não entendeu nada.

Chegando na sala de parto ela viu Gustavo com uma moça diferente e um bebê que a moça segura em seu braço. Marisa, logo perguntou o que estava acontecendo, Gustavo muito nervoso conta tudo que ocorreu. A Obstetra compreendeu e explicou para sua colega que aquela não é Marina e sim outra moça chamada Maria. Por solidariedade, Gustavo trouxe outra mulher no lugar da esposa, rapaz fala que vai pagar pelo procedimento médico do parto.

Mas, todos ali se emocionam, a doutora Marisa sócia da maternidade e dá o parto de presente para aquela moça chamada Maria. Gustavo vai chamar sua esposa e Carlos para verem o menino que acabou de nascer. Todos ficam muito emocionados, porque aquele rapaz arrogante chamado Gustavo fala, “hoje aprendi o verdadeiro significado do que é Natal”.

Maria recebeu alta, após três dias, e passa a morar na casa de Marina e Gustavo. Quando termina o repouso do parto, torna-se empregada e, também, babá do filho do casal (Marina e Gustavo) quando nasce. Carlos, também, foi trabalhar como faxineiro na empresa do pai de Gustavo, e à noite voltava para casa que ficava os fundos da casa dos seus patrões.

Gustavo e Marina foram padrinhos do filho de Carlos e Maria que se chama Manuel, pois nasceu para meia-noite do Natal. Carlos e Maria, também, tornaram-se padrinhos de Beatriz, nascida um mês depois que Gustavo e Marina tiveram Manuel.

Maria foi buscar sua filha Alice para morar novamente com ela e estudar numa escola particular.

Assim, aquelas duas famílias pareciam uma só, pois as crianças que cresceram juntos. E assim, naquela maternidade todos perceberam a presença do menino Jesus, presente no choro e no sorriso daquele bebê do pobre casal.

A direção daquela maternidade, resolveu que todos bebês que nascessem na noite de natal, o parto seria por conta da instituição. Como uma forma de receber o Menino Jesus o filho de Deus, num lugar onde nascem os filhos de homens.

Escrito por mim, Vera Lúcia Batista Aguiar.

Tags: Feliz Natal!

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