13 de Fevereiro de 2017. No meio da madrugada, nos arredores de uma Academia antiga e vazia, duas mulheres caminham entre múltiplos túmulos. Uma delas caminhava em frente segurando um livro e um lampião, para que pudesse ler o que fora esculpido nas lápides, enquanto a outra a seguia, com uma pá na mão direita e um grande saco vazio na outra.
— Temos mesmo que fazer isso esta noite, Júlia? — perguntou a que seguia, aparentemente cansada.
— Os alunos e professores começarão a chegar para o novo semestre amanhã — respondeu a mais velha, de óculos e cabelo curto, enquanto continuava a caminhar. — Ou fazemos hoje, ou teremos que esperar mais um ano. Podemos começar com esse aqui — disse ao elevar a fonte de iluminação em frente a uma das lápides.
— “Aqui jaz o fundador da Academia” — leu a outra. — Júlia, tem certeza que é uma boa ideia?
— Totalmente — respondeu sem hesitar, sorrindo. — Sua alma abandonou este lugar há muito tempo, e será um ótimo candidato a sacrifício. Pode começar a cavar.
A moça mais jovem suspirou, enterrou a pá no terreno e pôs-se a trabalhar, enquanto Júlia abriu o livro que tinha em suas mãos e começou a folhear as páginas.
— Está lendo sobre os requisitos novamente? — Perguntou a que cavava. — Se me lembro bem, precisamos de seis decompostos e seis frescos, correto?
— Isso aí, você vai desenterrar seis cadáveres esta noite, então não gaste toda sua energia no primeiro.
— Tá bom, tá bom… — concordou, voltando a trabalhar.
— Precisaremos de um vivo também — sussurrou Júlia.
— Vivo? E qual a graça disso?
— Ah, não se preocupe — sorriu Júlia, novamente. — Esta será a melhor parte! Estou relendo os perfis dos acadêmicos que começarão este semestre para escolher o ideal.
— Achou alguns promissores?
— Shizu, que tal calar a boca e deixar essa parte comigo?
— Sim, diretora! — respondeu a novata, voltando ao trabalho mais uma vez.
— Acho que encontrei o tributo perfeito — disse Júlia, enquanto lia sobre um dos acadêmicos que chegaria no dia seguinte. — Com seu histórico, esta alma já está destinada ao inferno. “Anônimo(a)”, você não faz ideia do que te aguarda.
Quatro anos haviam se passado desde o último massacre na Academia. A diretora Júlia tinha conduzido múltiplos anos letivos desde então, que se passaram tranquilamente. A carnificina foi deixada no passado, e muitos passaram a considerar a Academia um lugar seguro novamente.
No novo semestre, isso estava prestes a mudar.