Caçada Sombria (Em Andamento)
Sabrina Ternura Co-Autores Mr Black
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Tipo: Romance ou Novela
Postado: 17/10/21 02:36
Editado: 02/06/23 16:41
Qtd. de Capítulos: 6
Cap. Postado: 17/10/21 02:51
Cap. Editado: 31/10/21 22:44
Avaliação: 10
Tempo de Leitura: 15min a 20min
Apreciadores: 2
Comentários: 1
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Palavras: 2412
Não recomendado para menores de dezoito anos
Caçada Sombria

Esta obra participou do Evento Academia de Ouro 2021, indicada na categoria Fantasia.
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Capítulo 5 Aqueles que Merecem Queimar

Após a saída do casal Gutemberg e da governanta, Diablair permaneceu no corredor vazio e levemente destruído com um desconforto crescente se apoderando de seu âmago mofado. Havia algo escondido naquele corredor que cheirava à morte. O líder Infernal havia presenciado diversos falecimentos durante sua existência, porém o que quer que fosse aquilo que estava morrendo naquele momento, despertou em Diablair um profundo sentimento de pena. Entretanto, antes que ele pudesse ir até a cortina e ver o que era, uma outra presença chamou a atenção dele.

— Sei que está aqui! Saia! — Ordenou o líder Infernal.

— Você deve partir, Diablair. — Ordenou uma mulher saindo das sombras. — Ela não está mais aqui.

— Essa feiticeira é mais traiçoeira do que um maldito rato! — Respondeu Diablair, colocando a mão no rosto, exausto. — E porque diabos você fez uma aparição para esse duque idiota?

— Eu não fiz. Foi ela. — Afirmou a mulher.

— Como ela fingiu ser você, sendo que nunca a viu? — Questionou Diablair, sobressaltado.

— Ela nunca me viu, mas o mestre dela me conhece bem o suficiente para transformá-la em uma cópia de mim. Ela manipulou tudo para que Catharina… fosse morta essa noite. — Respondeu a mulher, com um misto de raiva e tristeza em sua voz.

— Você é a porcaria de uma deusa, Ternura! Haja como tal! — Exclamou Diablair, levemente transtornado.

A mulher encarou Diablair com tanta fúria, que o líder Infernal deu um passo para trás.

— Esta noite, me recuso a agir como uma deusa, pois alguns deles seriam poupados. — Ela respondeu, dando as costas para o homem, e prosseguiu dizendo: — A minha face humana mostrará aqueles que devem queimar.

A Deusa Ternura começou a caminhar descalça pelo caminho feito outrora pelos Gutemberg e pela governanta, enquanto Diablair partia pela direção oposta, em direção à saída, em busca de Willow Rosenberg, a serva do Caos.

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Todos os convidados da festa estavam do lado de fora da mansão, enquanto a neve começava a cair. No centro do aglomerado de pessoas encontra-se Catharina, amarrada a uma ripa de madeira. Diversos pedaços de lenha estão sendo jogados abaixo dos pés dela pelos criados. Gutemberg e sua esposa chegam no local, empurrando algumas pessoas da multidão para chegarem até o altar construído.

— Com trinta diabos, o que estão fazendo? — Questiona Draco ao chegar diante do duque de Ardelean, o marquês de Dalca, o conde de Funar e o visconde de Constantin, que estão comandando os criados da mansão a colocarem mais madeira abaixo de Catharina.

— Estamos fazendo o que você não fez: dando um fim a essa aberração apocalíptica! — Respondeu rispidamente o duque de Ardelean.

— Apenas com a morte dela nós teremos a piedade da Deusa Terrível. — Atalhou o marquês de Dalca.

— Você colocou todos nós e nossas famílias em perigo mantendo isso escondido embaixo de todo o seu ouro sujo… — Explicou o conde de Funar.

— Agora cabe a nós, como bons cristãos e devotos a nossas famílias, eliminarmos essa ameaça! — Gritou o visconde de Constantin, contagiando os demais convidados.

O duque acendeu uma tocha e a levantou, mostrando-a para todos os presentes.

— Nós iremos extinguir essa ameaça para que a Deusa Terrível não nos devore! Vamos queimar a bruxa!

Enquanto Ardelean abaixava a tocha na direção das lenhas, todos gritavam em uníssono “queimem a bruxa” com excitação. Catharina demonstrava apenas uma apatia diante da situação. De sua boca torta, escorria saliva e seu corpo totalmente nu, revelava a todos as marcas de anos de violência. Seu rosto, outrora belo, encontrava-se irreconhecível por conta das constantes agressões que sofria. Catharina Helena Klein Brand estava prestes a ser queimada, porém seu espírito havia morrido quando Draco Gutemberg apareceu em sua cabana e levou-a embora com seu filho. Aqueles homens egoístas e cheios de uma justiça falsa, queimariam apenas a carcaça de uma mulher que já havia sido sepultada.

Quando as chamas alcançaram seu rosto, ela fechou os olhos. Não havia dor. Não havia ardência. Não havia gritos. Havia, após muitos anos, uma incomensurável paz. Quando ela abriu os olhos, estava em um lugar diferente: encontra-se em um jardim com uma enorme árvore e diversos animais. Pequenas fadas se aproximam e colocam sobre a sua cabeça uma coroa de flores. Catharina olha para seu corpo e nota que o mesmo está novamente normal, sem sinais da doença que a afligiu por anos. Uma mulher morena aparece diante de Catharina.

— Sempre soube que nos encontraríamos mais uma vez, Ternura! — Diz sorrindo a jovem alva.

— Sinto muito que tenha sido nessas circunstâncias... — Lamentou a Deusa.

— A única coisa que me arrependo, foi de não ter feito mais pelo Blake. — Confessou Catharina com lágrimas nos olhos. — O meu filho nasceu amaldiçoado pelo ódio e eu não consegui impedir que isso o consumisse…

A Deusa olhou para Catharina com uma ternura indescritível, o que fez a jovem sorrir, apesar das lágrimas que escorriam pelo seu rosto.

— Mas você ainda pode impedir, minha querida! — Confessou Ternura e, notando o rosto confuso de Catharina, explicou: — Alguém precisa cuidar dos Blakes que se foram e daqueles que ainda virão para cá.

A Deusa deu um passo para o lado, revelando um menino atrás de si. As pernas de Catharina falharam e a mesma foi ao chão com um misto de surpresa e alegria estampadas no rosto.

— Blake? — Ela sussurrou, esticando a mão na direção do menino, que apenas balançou a cabeça positivamente e correu para os braços da mãe.

— Este é o Blake aos 7 anos, quando sua primeira morte ocorreu. — Explicou a Deusa em um tom lamurioso, mas sorrindo ao ver o encontro de mãe e filho, enquanto apontava para o outro lado. — E aquele é o Blake de 9 anos, o segundo a chegar aqui.

Catharina levantou rapidamente a cabeça para olhar em direção ao local designado pela Deusa. Quando os olhos da mãe encontraram os do filho, ambos foram tomados por uma emoção indescritível. Catharina acolheu em seus braços ambos os Blakes e regou com suas lágrimas os dois. Ela sabia que não poderia apagar deles as marcas do passado, porém algo a confortava, dando-lhe uma perspectiva de que alguma coisa extraordinária aconteceria no futuro.

— Vamos, mamãe! — Chamou o Blake de 7 anos, puxando Catharina pelo braço. — Temos que mostrar para o meu eu mais velho a nossa cabana, porque ele não se lembra mais...

— Mas devemos encontrar a nossa cabana primeiro. — Ela respondeu, levantando-se.

— Mas, mamãe, — Observou o Blake de 9 anos, segurando a mão de Catharina. — A nossa cabana não fica aqui, no Bosque das Flores?

Catharina percebeu que o local mudara e agora os três estavam no Bosque das Flores, diante da antiga cabana.

— Você estará encarregada de cuidar de todos os Blakes que, infelizmente, ainda morrerão… — Explicou a Deusa, surgindo de dentro da cabana. — Eles serão os responsáveis por proteger e guiar as extensões de Blake, as quais ele amará demasiadamente no futuro.

Amará? — Perguntou Catharina, com um misto de encanto e emoção na voz, finalmente compreendendo o sentimento de paz total que a consumia.

— Sim. — A Deusa sorriu. — Todas essas partes que morreram não serão em vão... Elas farão parte das almas de seus futuros netos.

Após tantos anos, o coração de Catharina finalmente se encheu de alegria. Blake havia sido amaldiçoado pelo ódio ao nascer, mas teria um futuro de amor. Caberia a ele ser forte e corajoso até o porvir chegar, apesar de todo o sofrimento que marcaria seu caminho. Catharina, porém, sabia que Blake era um sobrevivente. Ela só gostaria que ele soubesse que, caso sucumbisse a morte, ela estaria ali, pronta para recebê-lo em seus braços de amor.

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A multidão, outrora em êxtase pela suposta justiça que estavam realizando ao queimar Catharina, encontra-se em silêncio total por conta da cena que estão observando: uma mulher de pele morena, trajando apenas um leve vestido branco, está caminhando no meio da nevasca e está indo em direção ao corpo da finada que, apesar de estar consumido pelas chamas, não está queimando.

Ao chegar diante do fogo, a mulher de branco retirou o corpo de Catharina das chamas e o colocou em seus braços. O corpo da falecida não estava mais torto e não possuía nenhuma queimadura.

— Vocês me chamam de Deusa Terrível com tanto afinco, — Declarou a divindade segurando o corpo da mãe de Blake. — Que achei conveniente tornar essa nomenclatura de vocês real...

Todavia, antes que a Deusa Ternura pudesse derramar sua justiça sobre todos os presentes, ela viu um ser tomado por um ódio palpável que mudou toda a atmosfera do local no instante em que seus pés descalços tocaram a superfície fria da neve. Ele estava atrás da multidão e caminhava lentamente em direção aos presentes, segurando com força em suas pequenas mãos uma espada forjada da mais profunda escuridão. Uma espada de energia negra, observou a Deusa com surpresa, ele já consegue manipulá-la

Espreitando pelas costas de seus inimigos, Blake, consumido pela angústia da morte de sua mãe e almejando vingança, preparava-se para executar uma justiça verdadeira, que foi vista e bem recebida pela divindade. Blake não havia feito uma prece ou um sacrifício, ele apenas estava sentindo com todo seu ser tais sentimentos e isso era o suficiente para que a Deusa compreendesse que a sua espada da justiça seria empunhada por Blake e ele designaria aqueles que deveriam queimar. Com um sorriso no rosto, Ternura apenas virou as costas para a multidão em silêncio e começou a caminhar em direção a floresta da fronteira, enquanto continuava a carregar o corpo de Catharina e a certeza de que aquela pequena criança estaria prestes a mudar seu próprio destino nos segundos seguintes.

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Enquanto todos observavam com temor a saída da Deusa, Blake passou a apunhalar um a um pelas costas. Cada golpe dado, gerava uma reação em cadeia de caos e terror. Aqueles que tentavam escapar, eram impedidos por chicotes negros que saiam do chão e arrastava-os de volta para a chacina.

Os criados, percebendo que não teriam mais a quem servir quando o dia raiasse dado o escândalo dos Gutemberg, começaram a correr de dentro da mansão carregando diversos móveis, enquanto algumas janelas explodiam com labaredas que pareciam revelar o rugido de revolta dos mesmos após tantos anos de violência. Draco Gutemberg, como o materialista doentio que é, ajoelha-se no meio da nevasca, admirando com desespero o seu império cair e simplesmente ignorando a chacina feita por seu filho.

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A madrugada de festa transformou-se em um raiar de dia silencioso. A neve alva contrastava com o vermelho rubro e com as cinzas, enquanto o mosaico de mortos se contrapõe com uma figura banhada de sangue dos pés à cabeça, que berra a plenos pulmões. Draco Gutemberg está ajoelhado na neve, tentando inutilmente juntar as cinzas de sua antiga mansão e ouve os passos de alguém se aproximando. Sem virar o rosto, ele diz rispidamente:

— Mate-me logo, seu porco imundo.

— Creio que o senhor deveria ter modos melhores com alguém que está prestes a fazer uma proposta aceitável, tendo em vista a sua situação deplorável. — Respondeu com sarcasmo o outro homem.

Gutemberg vira rapidamente a cabeça ao reconhecer a voz do senhor Warlock, um hunter renomado que a anos era amigo da família. Todos o chamavam de Colecionador, dada a sua devoção em colecionar com afinco objetos lendários e misteriosos. Ainda assim, a angústia de ter perdido tudo não passou mesmo vendo um rosto conhecido disposto a ajudar e Draco respondeu com cinismo:

— O que você quer? Como pode ver, não possuo mais nada para fazer uma troca justa.

— Na verdade, você sempre possuiu algo para muito precioso e não estou falando de ouro. Estou falando do seu filho.

— Aquela coisa — Respondeu Gutemberg, avançando sobre o Colecionador com agressividade. — Nunca foi e nunca será meu filho.

Sem se importar com a brusca aproximação, Warlock retrucou:

— Apenas alguém como você, geraria algo como ele. Porém vejo que, só alguém extremamente burro como você, seria capaz de descartar alguém magnífico como ele.

Draco fez menção a atacar o Colecionador, mas o hunter simplesmente moveu as mãos, fazendo com que o duque caísse. Tal ato chamou a atenção de Blake.

— Ofereço 2 milhões de jeckes e, como acredito que virão matar você, também ofereço uma casa afastada daqui, em troca da guarda total do garoto.

2 milhões? — Perguntou Draco boquiaberto. — Ele não vale tudo isso.

— Você, meu caro Gutemberg, é que não vale a bosta que caga. — Respondeu com sarcasmo Warlock.

— Você está me vendendo como se eu fosse seu gado? — Questionou Blake, que agora estava ao lado de Warlock, completamente transtornado com a negociação que ocorria.

— Você é menos do que o gado que eu possuía, seu infeliz assassino. — Urrou o duque, avançando sobre Blake, mas sendo repelido por um encantamento do Colecionador, que o congela no ar.

Blake fica boquiaberto. Warlock se aproxima de Draco.

— A verdade é que só estive próximo da sua família nos últimos anos para encontrar alguém bem dotado como ele. É óbvio que você falhou nisso, assim como seu pai. Dois miseráveis narcisistas que não merecem respirar o ar da puta mais suja.

— O que você quis dizer com bem dotado? — Perguntou Blake inseguro.

— Você, espetacular garoto, foi o primeiro da geração Gutemberg a conseguir controlar a Mancha Negra. Por anos, todos os homens dessa família nasceram manchados, mas acabaram sucumbindo à morte. Eu vi você pela janela e o que você fez com essas pessoas… Foi o mais perto da perfeição que já vi.

— Você viu pela janela? Então, estava dentro da casa quando tudo aconteceu? — Questionou Gutemberg.

— Ah, sim, eu estava lá dentro. Inclusive incentivei os criados a roubarem todo o seu ouro. — Respondeu Warlock, soltando uma risada embargada de satisfação.

— O fato de eu ser um assassino foi o mais próximo da perfeição que você já viu? — Perguntou Blake a Warlock, com uma sombra pairando em seu olhar.

— O fato de você ser um justiceiro da Deusa mais poderosa que já pisou nesta maldita Terra, meu caro Blake, foi o mais perto da perfeição que eu já vi em meus muitos milênios de vida. — Afirmou o Colecionador.

— Aquela porca maldita! — Gritou Gutemberg a plenos pulmões.

— Não blasfeme na minha presença, seu aborto ambulante! — Urrou Warlock, avançando sobre Gutemberg que ainda estava encantado, mas sendo impedido por Blake. — Por que me impede de matá-lo, criança?

Blake encara o Colecionador e Gutemberg, se virando em seguida. Após alguns passos, o garoto para de caminhar e diz:

— Gutemberg, ainda, não está condenado a queimar. Quando esse dia chegar, pode ter certeza que o encontrarei e o matarei pessoalmente.

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Apreciadores (2)
Comentários (1)
Postado 19/10/21 20:16

Mas gente! Eu já tô perdida da silva nessa vibe aí. Aceito spoillers, desde já!

Mano, Cathy e Runa vieram para o universo só pra queimar. Coitadas. Da até uma certa pena delas. Tenso! x.x

Mas é aquela coisa também, depois do sofrimento vem o mar de rosas. Vai que é tua, Cathy!! Fé!

Blake, maldito seja! Assim que se faz, menino! Taca fogo em todo mundo e aproveita o churrasco.

Esse Warlock merece até um prêmio. Malditos!

Estou mais do que ansiosa para saber o que vai acontecer com o "pai" do Blake. Espero a pior das mortes! Ihuuuu!

Parabéns, Brinis!

Postado 30/10/21 23:23

Amiga, acho que mais pra frente vai ficar mais claro kkkkkk.

Vixi, Runa e Catharina mais que amigas, friends kkkk. Me aguarde!

Sobre o pai do Blake: espera sentada que essa parte da história ainda vai demorar kkkkk.

Obrigada pela presença e comentário, Flavinha ♥

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