SEGUNDA CENA: HALL DE ENTRADA DO COLÉGIO BAXTER - MADRUGADA.
O quarteto de amigos chega na entrada do colégio em uma carruagem elegante, que está sendo puxada por sete cavalos negros, tendo um zumbi como condutor. Quando o veículo para, os rapazes ajudam suas respectivas namoradas a descer. A carruagem se vai logo após todos desembarcarem. Um silêncio cruel ronda o local. Todos estão com um semblante de dúvida.
BLAKE (olhando ao redor): Será que erramos o endereço?
DAMON: Só se eles mudaram o local da festa de última hora.
[A Imperatriz consulta seu celular, arqueando ainda mais sua sobrancelha.]
IMPERATRIZ: Estranho, ouçam o que a Joy me enviou.
[Ela dá play no áudio, que reproduz a seguinte mensagem com barulho de música alta no fundo: “Amiga, essa festa está com tudo! Vem logo, pois já começou e só vamos batizar o ponche quando a Tortura chegar com aquela-coisinha-especial”.]
IMPERATRIZ (intrigada): Mandei mensagem depois disso, mas não tive resposta.
DAMON: A festa era no subsolo?
TORTURA: Não, era na quadra mesmo. Isso está estranho, vamos entrar.
[A turma de amigos adentra o colégio perturbadoramente silencioso. Vários balões estão espalhados pelo chão e a iluminação se resume a luzes de emergência, deixando o ambiente sombrio. De repente, Damon chuta algo. O jovem vampiro olha para baixo e uma expressão de horror se manifesta em seus olhos.]
DAMON: QUE PORRA É ESSA?
[Blake pega o misterioso “objeto”, mas, ao levantá-lo, todos soltam um grito de horror ao descobrir que se trata da cabeça da diretora da escola, Madame Satã.]
TORTURA (confusa): Pela Deusa, o que está acontecendo aqui?
IMPERATRIZ (assustada): Se mataram a diretora, significa que a coisa está feia.
BLAKE (jogando a cabeça longe): Vocês trouxeram alguma arma?
[Todos balançam a cabeça positivamente.]
BLAKE: Não sei o porquê de ter perguntado isso a um grupo de psicopatas. Mas, enfim… Damon, use seu faro de vampiro para localizar algum cheiro de sangue.
[Damon inspira profundamente e, no instante seguinte, seu nariz começa a sangrar. Ele coloca uma das mãos no nariz. A Imperatriz passa as mãos nas costas do namorado.]
TORTURA (preocupada): O que houve?
IMPERATRIZ: Quando ele fareja uma quantidade absurda de sangue, o nariz dele arde e sangra. É tipo quando tomamos Coca e o gás acaba indo pro nariz.
[Damon se recupera, mas um estrondo alto é ouvido pelo grupo.]
TORTURA: Veio do salão de baile!
[O grupo passa a correr em direção ao salão. Ao adentrarem o local, eles se deparam com uma cena terrível: os corpos de todos os alunos estão sem cabeça e o chão virou um verdadeiro mar de sangue. No centro, há um enorme buraco, para onde todo o sangue vai.]
BLAKE (assustado): Pessoal… Só existe uma criatura que faria isso…
TORTURA: Qual?
[Antes que Blake pudesse responder, uma enorme criatura de quatro cabeças emerge do buraco, soltando um alto rugido.]
BLAKE (em tom de desespero): Uma Hidra¹.
IMPERATRIZ (indignada): Como caralhos isso veio parar no meio do salão de baile?
BLAKE: Não sei, mas teremos que enfrentá-la. Afinal, ela já sabe que estamos aqui.
[A criatura ruge mais uma vez, no entanto uma névoa sai de seu hálito. Os corpos dos estudantes já mortos que entram em contato com tal névoa começam a derreter.]
TORTURA: É ÁCIDO!
[O grupo não consegue escapar a tempo e a névoa os alcança. Quando ela se dissipa, no entanto, os quatros amigos ainda estão intactos.]
TORTURA (confusa): O que aconteceu?
BLAKE: É o seu anel. A Turmalina Negra² possui diversas propriedades de proteção.
[Tortura sorri para o seu namorado. Ambos se encaram apaixonadamente.]
DAMON (com insatisfação): Desculpe estragar o momento romântico, mas acho que temos que matar aquele bicho ali.
IMPERATRIZ: Blake, você é um Hunter… Como vamos derrotar essa coisa?
[A fera continua soltando ácido pelo ambiente, enquanto o anel continua os protegendo.]
BLAKE: Temos que cortar todas as cabeças juntas. Só assim ela morrerá.
IMPERATRIZ: Eu não tenho uma faca longa assim.
DAMON: Mas o Blake tem uma espada que pode mudar de tamanho.
BLAKE: Sim, o problema é que eu só vou ter força o suficiente para fazer isso uma vez. Por enquanto, só consigo mudar o tamanho da espada por alguns segundos... Então temos que dar um golpe certeiro.
DAMON (para Blake, perplexo): Você trouxe a espada?
[Blake tira um chaveiro do bolso, com um pingente de espada. Todos o encaram surpreso.]
BLAKE (com satisfação): Um hunter bom, é um hunter preparado.
IMPERATRIZ: Mas como vamos deixar todas as cabeças juntas?
TORTURA: Eu trouxe o Laço da União. Está prendendo o meu coque.
IMPERATRIZ (boquiaberta): Por que você está andando com isso?
[Tortura e Blake ficam vermelhos.]
IMPERATRIZ (com o cenho franzido): Tá, entendi o recado, não preciso de mais explicações.
DAMON: Parece que temos tudo. Qual o plano?
BLAKE: Eu irei subir naquelas plataformas [Blake aponta para cima, indicando as plataformas de ajustes de luz]. Damon irá usar sua velocidade vampiresca para distrair a Hidra. A Imperatriz fará o mesmo, arremessando suas facas. O que dará tempo para que a Tortura se posicione ali [Blake aponta para um local próximo do pescoço da Hidra] e prenda a fera pelo pescoço. Quando ela estiver com todas as cabeças amarradas, eu darei o golpe final.
[Todos acenam positivamente com a cabeça. Blake se vira para Tortura.]
BLAKE (segurando as mãos de Tortura): Você está com medo? Sei que o anel pode te proteger, mas…
[Tortura interrompe Blake, colocando o dedo sobre os lábios dele.]
TORTURA: O nosso amor é a minha coragem.
[O casal se abraça. A Imperatriz revira os olhos. Damon se vira para sua namorada.]
DAMON: Você está com medo?
IMPERATRIZ (com deboche): Medo? Quem devia sentir medo é essa Hidra…
[O grupo começa a agir. Blake é o primeiro a sair correndo, sacando sua espada. Ele está usando um pedaço de pano no rosto para se proteger do ácido no ar, mas o mesmo já começa a derreter. Quando o hunter chega na metade do caminho, Imperatriz e Damon, também com panos nos rostos, se separam, buscando atrair a atenção da criatura com o intuito de criar uma abertura para Tortura.]
IMPERATRIZ (lançando uma faca em um dos olhos da Hidra): VENHA ATÉ MIM, HIDRINHA!
[A criatura urra e vai na direção da Imperatriz. Tortura corre e, sem ser percebida, consegue prender o Laço da União ao redor das cabeças da Hidra que, violentamente, se juntam. Mesmo presa, a Hidra não deixa de atacar. Ela solta novamente seu ácido na direção da Imperatriz, que é pega no colo por seu namorado e carregada rapidamente em outra direção.]
IMPERATRIZ (passando os braços ao redor do pescoço do namorado): Meu herói!
DAMON (com malícia): Espero que você se lembre disso mais tarde.
[Blake consegue alcançar uma posição boa para pular sobre a Hidra. Tortura continua segurando o Laço da União, mas com dificuldade. Blake corre para tomar impulso e pula da plataforma, enquanto recita um feitiço.]
BLAKE: Crescere, Gladius Mortis!³
[Antes de tocar o pescoço da Hidra, a Espada da Morte de Blake fica gigante. Em um golpe certeiro, o hunter corta todas as cabeças da Hidra de uma só vez. A criatura solta um grito de padecimento. Quando as cabeças são cortadas, um líquido amarelo explode do pescoço aberto da Hidra e se espalha pelo local. Blake se equilibra na empunhadura de sua espada gigante, enquanto Damon corre com a Imperatriz no colo para as plataformas. O trio de amigos se encontra na plataforma.]
IMPERATRIZ (segurando o nariz): Isso fede horrores.
BLAKE: Essa Hidra tinha preferência por cabeças. Isso é suco de cérebro e…
[Damon interrompe Blake, segurando ele pelo braço.]
DAMON (com os olhos arregalados): Onde está a Tortura?
[O trio de amigos olha para baixo, onde um rio de suco de cérebro toma conta do local e a carcaça da falecida Hidra descansa mortalmente.]
BLAKE (indo até a beirada da plataforma, gritando): MEU AMOR!
[Uma explosão negra emerge do rio e Tortura voa para a plataforma onde os amigos e o namorado estão. Ela cai violentamente na superfície, ensopada de gosma amarela.]
TORTURA (para Blake, irada): POR QUE VOCÊ NÃO ME AVISOU QUE ESSA MERDA IA EXPLODIR?
VOZ DE FUNDO: As autoridades foram contatadas, mas, infelizmente, o quarteto de amigos foi o único que saiu vivo. Quinhentos jovens formandos e funcionários morreram naquela noite pelo ataque da Hidra. A imprensa logo apareceu no local, prestigiando as ações heroicas dos amigos. Foi a partir da morte da Hidra que Blake se tornou um prestigiado hunter no Submundo. Algumas horas mais tarde, já em casa, a jovem Tortura chorava por conta do cheiro terrível que não saia de seu corpo. Segundo sua tia, a moça ficaria naquele estado por, pelo menos, 10h, mas se ela conseguisse se banhar no Mar Vermelho o tempo diminuiria e o cheiro iria embora mais rápido. Ao se preparar para partir para o Mar, Tortura brigava com Blake diante de toda a família.
TORTURA: VOCÊ É UM MALDITO HUNTER! COMO NÃO SABIA QUE IA EXPLODIR UM TSUNAMI DE CÉREBRO DAQUELA HIDRA?
BLAKE: NÃO TINHA COMO EU SABER! NA ENCICLOPÉDIA DE HUNTERS NÃO CONSTA TUDO O QUE ACONTECE COM AS CRIATURAS.
TORTURA (com os olhos lacrimejando): Não é possível que você me considere tão pouco assim...
[Blake avança sobre Tortura e a beija. A jovem, inicialmente relutante, cede aos encantos do namorado entre lágrimas e fedor. Todos no ambiente estão estáticos, encarando o casal.]
BLAKE (afastando-se após o beijo, encostando a ponta do nariz no de Tortura): Eu amo você, sua idiota fedida. E jamais faria algo assim por querer. Case-se comigo, seja minha… Vamos ter vários filhos e uma vida feliz...
[Tortura começa a chorar, dando pulinhos de alegria e gritando compulsivamente ‘sim’.]
VOZ DE FUNDO: Após isso, Diablair arremessou Blake pela janela. A Imperatriz viajou com Tortura até o Mar Vermelho, onde, duas horas após incessantes banhos, a jovem voltou ao estado normal sem odores.
TORTURA (se enrolando em uma toalha ao sair do mar): Estou parecendo uma esponja de tão enrugada que estou.
IMPERATRIZ: Melhor enrugada do que com cheiro de cérebro podre.
[Subitamente, tudo ao redor de Tortura escurece. Diante da jovem, uma forma humanoide completamente tomada pela escuridão a encara.]
TORTURA (confusa): Quem é você?
FORMA DA ESCURIDÃO: Eu sou você. Você sou eu. E essa escuridão é o que nós somos.
TORTURA (colocando a mão no queixo): Será que minha pressão ficou baixa por conta dos banhos e eu desmaiei?
FORMA DA ESCURIDÃO (ajoelhando-se diante de Tortura): O momento chegou, minha senhora... E sua humilde serva vem lembrar-lhe que você não pode se casar com Blake Derick Black.
TORTURA (recuando um passo para trás): Do que diabos você está falando? Eu não te conheço, não tenho serva nenhuma e...
FORMA DA ESCURIDÃO (ainda ajoelhada): Você não se lembra de mim. Entretanto, há muito tempo atrás, quando a senhora descobriu que amava Blake e veio para esta dimensão para ficar com ele, você ordenou que, quando a hora chegasse e mesmo que você esquecesse, a sua escuridão deveria lembrar-lhe dos motivos pelos quais você não pode concretizar o seu amor por Blake.
[Antes que Tortura pudesse reagir, a Forma da Escuridão ultrapassou seu corpo, fazendo com que ela fosse para outro ambiente. Tortura agora encontra-se em um jardim com uma enorme árvore, enquanto ela vê a si mesma um pouco mais jovem e com as mexas da frente de seu cabelo brancas. A jovem arqueia uma das sobrancelhas, pois não se recorda de já ter tido aquela aparência. Diante da Tortura com aparência até então desconhecida, encontra-se uma mulher de cabelos negros, pele alva e olhos escuros como a noite. Tortura percebe que seu corpo está levemente transparente e a mesma nota que está em uma lembrança.]
TORTURA DO PASSADO (ajoelhando-se e chorando): Eu não posso... Não posso mais fazer isso... Não sou digna de amá-lo, Catharina! Como Blake me perdoará, sabendo que fui a responsável por criar aquilo que destruiu a vida dele?
CATHARINA (docemente): Criança, foi um acidente! Você não pode se culpar por isso. Blake entenderá, vocês ficarão juntos e terão uma família grande e feliz...
TORTURA DO PASSADO (com um vazio profundo pairando sobre os olhos): Não teremos uma família grande e feliz, Catharina, porque eu não posso ter filhos. Fazer parte da Escuridão é negar esse tipo de coisa humana banal: você não precisa ter descendentes, quando se tem tanta maldade obscura pairando sobre o coração das pessoas. A Escuridão será o meu legado.
[Tortura retorna ao Mar Vermelho. Ela ouve a Imperatriz se aproximar em desespero, mas não consegue enxergar nada além de um borrão diante de seus olhos, por conta das lágrimas que ameaçam cair dos mesmos. As palavras ditas por ela a Catharina borbulham em seu âmago ao ponto de fazê-la vomitar. A força de seu vômito é tamanha, que Tortura consegue enxergar com clareza o cenário diante de si: as águas, outrora vermelhas, encontram-se completamente negras e a própria Tortura é a responsável por tal feito, tendo em vista que de suas mãos saem uma densa névoa negra. Tomada pela angústia de suas memórias, a jovem sente o choro sufocá-la e se debruça sobre as águas escuras gritando, pois a dor é tamanha que torna-se física. A Imperatriz alcança Tortura e a abraça. Tortura retribui o gesto, agarrando-se ao corpo da Imperatriz como se este fosse seu único refúgio.]
IMPERATRIZ (sussurrando): Tortura, você desapareceu repentinamente e, logo em seguida, reapareceu no meio do mar e mudou a cor dele. Nunca me senti tão assustada em toda a minha vida... Eu pensei que tinha perdido você...
TORTURA (afastando-se da Imperatriz e segurando-a pelos ombros): Eu o perdi... Eu perdi o Blake...
[A Imperatriz arqueia as sobrancelhas, não compreendendo o que Tortura quis dizer, mas sente que há um segredo obscuro por traz das palavras dela. Tortura tenta desesperadamente dizer, porém toda vez que há a tentativa de fala, a jovem se engasga com seu próprio choro. A Imperatriz não sabe quanto tempo se passou e quantas vezes essa cena se repetiu, contudo a cada tentativa falha de Tortura em lhe informar o porquê dela ter perdido Blake, a jovem chorava juntamente com sua sobrinha, pois a dor dela era a sua, soubesse ela do motivo ou não.]
TORTURA (sussurrando): Eu fiz algo muito ruim para o Blake... Eu acho que eu... que eu... sou algo ruim e fiz algo ruim para ele... Mas não me lembro disso, não me lembro de nada antes do meu nascimento... E nós nunca vamos ter uma família grande e feliz... porque eu não posso gerar um filho...
IMPERATRIZ (com a voz embargada): Tortura, você precisa dizer ao Blake a verdade... Se ele soubesse de alguma coisa, jamais teria se aproximado de você!
TORTURA: Nunca... Jamais mencione isso a ele, por favor! Não posso contar a ele a verdade... Não posso partir o coração dele dessa forma...
IMPERATRIZ (engolindo seco): Eu prometo que não contarei a ele...
VOZ DE FUNDO: A Imperatriz não soube o que dizer para consolar Tortura, então ofereceu a ela a única coisa que estava ao seu alcance: seu apoio incondicional. Após um longo tempo, as duas saíram das águas negras e Tortura, já não mais tomada por sua dor, informou a Imperatriz que não poderia se casar com Blake, não enquanto ela não se lembrasse de seu passado e soubesse o que havia feito a seu amado. A Imperatriz abre um portal utilizando seu colar e ambas o atravessam de mãos dadas. Ao retornar para a Mansão Infernal, as jovens encontram Tristeza e Ternura brincando de boneca perto da lareira junto com Sarah, enquanto Damon, Diablair e Blake estão sentados em um dos sofás. Tortura encara o sorriso alegre de seu amado e as lágrimas voltam a brotar em seus olhos. Observando o estado de Tortura e notando que todos os presentes já observavam as duas, a Imperatriz decide tomar uma atitude.
IMPERATRIZ (com a voz embargada): Saiam todos da sala, por favor. Vamos deixar Tortura e Blake conversarem...
[Todos, menos Blake, começam a sair do recinto com um misto de preocupação pelo estado em que se encontra Tortura, assim como surpresos pela atitude da Imperatriz. Quando a porta da sala se fecha e o casal encontra-se sozinho, nenhum dos dois se move. Tortura continua encarando Blake com os olhos cheios de lágrimas, enquanto o jovem começa a ser tomado por um desespero incontrolável e passa a sentir, aos poucos, a sensação de morte se apoderar dele. Algo dizia a Blake que ele não sairia dali com seu coração intacto.]
TORTURA (com a voz embargada): Sinto muito, mas eu não posso me casar com você.
[Blake fecha os olhos com força, enquanto sente sua respiração se descontrolar.]
BLAKE (abrindo os olhos e buscando manter a voz controlada): Por que?
[Tortura não consegue segurar as lágrimas, caindo no chão em seguida.]
TORTURA (sussurrando): Por favor, vá embora... Apenas vá...
[Blake avança na direção de Tortura e aperta os ombros dela com força. O jovem começa a balançar a cabeça freneticamente, enquanto um tremor se apodera de suas mãos. O sofrimento mortal que começa a tomar Blake já era familiar a ele: o hunter sabia que ele estava morrendo por conta da Mancha Negra. Sem conseguir falar ou ao menos insistir, Blake encarou Tortura com todo seu amor, buscando fazê-la mudar de ideia. Instantaneamente ele soube que ela o compreendera, pois a jovem chorou ainda mais e, neste momento, Blake soube que a perdera para sempre, pois não eram lágrimas de felicidade, mas, sim, de angústia. O jovem hunter respirou fundo e, sentindo a morte consumi-lo ainda mais, encarou Tortura uma última vez, antes de chamar a única pessoa que poderia impedir que Tortura o visse padecer.]
BLAKE: Diabl...
VOZ DE FUNDO: Antes que o mesmo terminasse, Diablair adentrou a sala e correu na direção de Blake. O líder Infernal já havia presenciado uma das mortes do hunter, quando o mesmo era mais novo e trabalhava na Mansão Gutemberg, e nem ele e nem Blake gostariam que Tortura presenciasse isso. Diablair levantou-o pelos ombros e começou a carregá-lo em direção a um portal, que os levaria para a Mansão das Sombras. Assim que ambos atravessaram e o portal se fechou, Sarah, Imperatriz, Tristeza e Ternura correram na direção de Tortura, que estava com a face no chão. A jovem foi abraçada por sua família, porém continuou se sentindo vazia. Após a saída de Blake de sua vida, Tortura possuía apenas uma certeza: ela jamais seria feliz de novo.
FIM.