13 de Fevereiro de 2017. Oito da manhã de um dia nublado. Diretora Júlia e sua vice, Shizu, esperavam do lado de fora da entrada da Academia, prestes a receber os novos alunos que estavam para começar naquele semestre. Júlia, com sua aparência jovial apesar de ter mais de trinta, tinha olhos e cabelos escuros, presos em um coque. Shizu tinha baixa estatura e um corpo delicado, e vestia um cardigan azul. Ambas estavam pálidas, com uma textura roxa abaixo dos olhos, após terem passado boa parte da noite acordadas.
Primeiramente, chega uma carruagem puxada por dois cavalos. Vindas de uma cidade vizinha à da Academia, duas nobres que cresceram juntas deixam a carruagem. Senhorita Mês desceu primeiro, observando a paisagem com seus belos olhos verdes. Apesar de ser uma Majestade da região, preferia vestir roupas confortáveis e humildes, geralmente vermelhas. Tinha cabelos castanhos, assim como Senhorita Meiling, uma Soberana da região, dona de várias terras, que desceu a seguir com seu salto preto, da mesma cor que o restante das suas roupas. Com seus vinte e um e vinte e dois anos, respectivamente, ambas as jovens estavam animadas para começar o semestre na Academia.
— Aquela é a Mês, de quem todos falam? — perguntou Shizu, sussurrando no ouvido de Júlia.
— É ela mesmo — respondeu Júlia —, por quê?
— Ouvi dizer que muitos estão a culpando por algo e que ela perdeu certas amizades dentro da realeza. Sabes por que?
— Não — disse a outra. — Apenas quem sabe, sabe, mas de resto, ninguém sabe.
— Entendi — afirmou Shizu, ainda tentando entender.
Após descerem de sua carruagem, Mês e Meiling prosseguiram em direção à entrada da Academia, a primeira carregando apenas uma mochila que parecia lotada de apetrechos, e a segunda seguida por dois lacaios carregando suas várias malas de coisas diversas, empilhadas sobre seus braços lhes tampando a visão e dificultando a caminhada.
— Trouxe todas as suas coleções esquisitas? — perguntou Mês.
— Com certeza! — respondeu Meiling. — Não posso ficar um dia sem os meus livros — ela sorriu e baixou o tom de voz — …ou os meus ossos.
— Ha! Eu adoro você e seus hábitos estranhos! — sorriu a amiga.
Enquanto as duas caminhavam lado a lado em direção à grande instituição, um jovem rapaz de cabelo comprido caminhava em passo rápido na sua direção, segurando um mapa na frente do rosto. Como era de se esperar, visto que estava com a visão bloqueada, o rapaz logo esbarrou nas moças, derrubando-as ao chão.
— Ei, olhe por onde anda! — exclamou Mês, deparando-se com os vários apetrechos que caíram da mochila que carregava.
— Desculpa! Desculpa! — exclamou o jovem, um pouco assustado — Eu… eu sou novo aqui! Ainda estou me situando com a região! Deixe-me ajudá-la! — disse, começando a juntar o papel higiênico, canivete e outros utensílios que vieram ao chão. — Meu nome é Rogério.
— Bom, melhor você começar a ficar de olho e não esbarrar nos demais dessa forma. Meiling, você está bem?
— Estou, sim — respondeu, se levantando — Rogério, de onde você é?
— Eu… Eu… — pensou um pouco. — Bem, eu venho de uma terra distante. Estou fugindo de certos deveres, então prefiro não entrar em detalhes. É aqui a Academia de Contos?
Os três jovens voltaram a atenção ao prédio que passara por uma reforma para receber os novos alunos, a construção do instituto datava do início da alta realeza. Contando com janelas vitorianas, tendo algumas com lindos vitrais coloridos, como um organizado jardim real que trazia perfumadas roseiras, encantadores lírios, chamativas camélias, envolventes trepadeiras que tomavam algumas paredes da casa e entre outras plantas.
— Isso, é essa mesmo — respondeu Meiling. — Bem, como você é novo por aqui, por que não anda com a gente? Podemos te ajudar a se situar.
— É mesmo!? — os olhos de Rogério brilharam. — Beleza! Obrigado por me ajudarem!
Mês e Meiling, assim como alguns outros alunos que estavam para chegar, já haviam feito um tour da Academia no passado, e portanto estavam mais preparadas para os meses que se seguiriam. Já outros estudantes, como Rogério, estavam visitando a instituição pela primeira vez no dia de início do semestre.
Os três chegaram juntos na entrada da Academia, foram recebidos pela Diretora Júlia, Shizu e alguns outros professores. O zelador, chamado Willy, foi instruído para guiá-los aos seus aposentos. Willy possuía um grande nariz e cabelos grisalhos, e vestia uma camiseta velha e um par de botas parcialmente sujas. O senhor não parecia muito feliz e só dizia o essencial.
— Venham comigo, por favor — recitou torcendo o nariz ao levar as moças e o rapaz para seus aposentos.
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Uns quinze minutos depois, quando os serventes de Mês e Meiling já haviam deixado a instituição e o céu começara a ficar ainda mais nublado e escuro, chegou uma outra carruagem, esta inteiramente preta e cheia de acessórios e decorações macabras. Dela desceu uma jovem de cabelos longos e verdes, braços tatuados e batom preto.
— Não pode ser… — suspirou Júlia. — O que a moça das facas está fazendo aqui!?
— Moça das facas… — Shizu colocou a mão no queixo, pensativa. — Moça das facas… Ah! Não creio! A IMPERATRIZ está vindo para a Academia? Eu nunca a tinha visto de perto.
Após doze outros descendentes ao trono terem morrido de maneiras diferentes ao longo dos últimos anos, a jovem Haruna, da dinastia Yvi, havia herdado todo o reino onde se situava a Academia. Desde criança, Haruna tinha uma fascinação por canivetes, adagas, e qualquer tipo de objeto cortante ou pontiagudo, o que havia lhe dado o apelido de Moça das facas. Após se cansar dos vários tutores de seu palácio, ela decidiu vir estudar na Academia, para a surpresa da direção. Além dos diversos mordomos e lacaios, dois outros novos estudantes desceram de sua carruagem, de mãos dadas: Sabriny Diana Spellman e Philip Black Stilinski.
— Então, como eu estava te contando — falava Haruna —, foi assim que eu criei o Jornal da Treta, sabe? E eu estava pensando que agora que nós vamos estar todos na Academia, poderíamos fazer algo similar aqui.
— Sim, sim, entendo — respondeu Sabriny, uma bela moça com longos cabelos rosa, óculos, e um anel de noivado pendurado no pescoço por um cordão. — Bom, eu agradeço a sua ajuda nos trazendo até aqui, mas… primeiro gostaríamos de nos situar e conhecer a todos, não é, Philip?
— Pois é… — respondeu o rapaz de olhos negros por trás dos grossos óculos — Não nos entenda mal, Haruna, nós realmente agradecemos a carona que nos deu, nós teríamos chegado aqui muito mais tarde se não fosse por você, mas… Preferimos não chamar muita atenção, por enquanto. Também, recém nos conhecemos!
— Não se preocupem! — respondeu ela. — Tenho certeza que vamos nos tornar melhores amigos em breve! Posso te chamar de Briny?
Spellman acenou com a cabeça, e continuou a caminhar ao lado de seu noivo Philip e a membra da realeza. O casal tímido estava surpreso por alguém com tanto poder ser tão bondosa e gentil, afinal, a mesma passara pelos dois enquanto caminhavam para a Academia algumas horas dali e havia oferecido uma carona em sua carruagem real, apesar de não conhecê-los. Enquanto conversavam no caminho, Sabriny teve a sensação de que já haviam se relacionado no passado, quase como um dejá-vu.
Um ônibus logo chegou e parou em frente à Academia. Dele, saíram quatro outras alunas que pareciam ter se conhecido durante as últimas horas: Nicolle Pantin, uma jovem garota de dezesseis anos, branca e com olhos e cabelos castanhos, Petra Fauchard, alguns anos mais velha e com cabelos abrasados, Elorayna, a mais velha do grupo, alta, com porte atlético e cabelos encaracolados castanhos com pontas azuis, e Ava Ray, uma moça negra de cabelo crespo e avermelhado.
— Que sono… — Ava suspirou logo após bocejar. — Passar a noite naquele ônibus não foi fácil. Mal posso esperar para achar minha cama e dar uma boa cochilada.
— Nem me diga! — concordou Elo. — Por ora eu preciso é de um bom café para me manter acordada e poder explorar esse lugar.
Nicolle acompanhava o motorista para ser a primeira a pegar suas malas, as demais garotas, notando o números de pertences, resolveram oferecer ajuda à baixa adolescente.
— Precisa de ajuda, Nicolle? — se aproximou Elorayna. — Não conseguimos nos falar muito, já que você passou a viagem lendo.
A garota que lembrava uma cara boneca de porcelana, olhou bem a moça que sorria e respondeu educada:
— Não, obrigado. Não são tantas malas assim — virou as costas e saiu com dificuldade carregando todas suas posses.
— Não fica chateada, El, deixa essa lolita para lá! — falou carismática Ava com seus olhos grandes que brilhavam para a mais nova amiga.
Petra, apesar de estar junto com o grupo, era mais quieta e passou mais tempo olhando os arredores e balançando a cabeça do que conversando com as demais. Enquanto as moças que haviam viajado a noite inteira caminhavam em direção à Academia, um outro rapaz se aproximava pelas redondezas, caminhando. Lionel, o jovem alto, de olhos azuis escuros e nariz pontudo, usava um monóculo e vestia um terno marrom desbotado.
— É no meio da noite… — falou ele em tom alto, observando a instituição. — Que os espíritos das trevas retornam ao mundo humano, para se alimentarem de suas almas e levarem sua inocência de volta para o SUBMUNDO! — arrumou o monóculo, que estava caindo, e pegou um bloco de notas do seu bolso. — Boa ideia. Isso! Poético. Vou anotar!
Os demais acadêmicos que ainda estavam do lado de fora foram distraídos pelo dramatismo exibido pelo rapaz, justamente o que Lionel queria. Enquanto isso, uma mulher de cerca de quarenta anos desceu do mesmo ônibus de onde vieram os demais, com um cabelo preso em coque e batom marrom, acompanhada de dois gatos que a seguiam.
— Reconhece aquela? — perguntou Shizu.
— Hum… — sussurrou Júlia. — Não lembro de ver ninguém com sua aparência na lista de perfis que eu estava lendo ontem. Estranho.
— Júlia… — esperou a mesma responder com um olhar. — Gatinhos! Que fofos.
— Falando em gatos, você viu o Miro?
— Esse atrás da gente? — apontou a jovem, um gato cinzento de olhos azuis e estranhamente pequeno para sua espécie.
— Hum... — respondeu a diretora cuidando a estranha persona que se aproximava.
Enquanto a mulher caminhava até a Academia, o ônibus que a deixara partiu e logo desapareceu no horizonte.
— Com licença, com licença — disse a mulher após se aproximar da entrada. — Meu nome é Monique Schimmer Martins, mas pode me chamar de Senhora Mônia. É aqui que estão precisando de uma governanta?
— Ah… Onde você viu isso? — perguntou a diretora.
— Eu vi um anúncio no jornal — respondeu.
— Tem certeza? Eu não lembro de fazermos nenhum anúncio desse tipo.
Enquanto Júlia, Shizu e Monique conversavam na entrada, e a maioria dos demais acadêmicos já haviam se situado em seus quartos, um trovão foi ouvido na distância. Água começou a ser sentida caindo do céu, e logo o que começou como algumas gotas se tornou chuva forte, e posteriormente se tornava tempestade.
— Será que podemos continuar a conversa do lado de dentro? — perguntou Monique. — O ônibus que me trouxe aqui já foi embora, e não acho que vou conseguir caminhar até a estação mais próxima nessa chuva.
— Sim, sim… Acho que podemos fazer isso sim — respondeu Júlia. — Valdemir, você está a par desta situação de governanta?
A diretora havia feito uma pergunta para o atual professor de escrita da Academia, um homem alto com trinta e poucos anos. Apesar de ser um moço bonito, não focava muito em sua aparência, vestindo roupas amassadas e um cabelo preto desajeitado.
— Não sei disso não — disse ele, se aproximando e observando Monique. — Mas, também não podemos deixá-la desamparada no meio de uma tempestade dessas, não é?
— É… Acho que ele tem razão, Júlia — concordou Shizu.
— Tudo bem, tudo bem… Valdemir, por favor apresente a Academia para a Senhora Mônia e leve-a para um dos quartos disponíveis.
— Será um grande prazer! — respondeu o professor, após segurar e beijar a mão de Monique. — É um prazer conhecê-la.
Enquanto esta interação acontecia, os demais acadêmicos entraram na Academia e foram levados aos seus quartos, geralmente com ajuda do zelador Willy, que desceu e subiu a escadaria pelo menos duas ou três vezes. Os lacaios e mordomos dos estudantes da realeza já haviam ido embora, e devido à chuva, as portas da instituição foram fechadas.
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O resto do dia se passou com os acadêmicos organizando seus pertences em seus quartos, conhecendo uns aos outros, fazendo tours pela Academia, e se familiarizando com os locais onde iriam habitar pelos próximos meses. A tempestade continuou durante o resto do dia, levando ao alagamento da única estrada que levava à instituição.
A candidata à possível governanta Monique ficou sozinha no quarto 32, enquanto Senhorita Mês e Meiling foram colocadas juntas no quarto 31, Haruna Yvi e Ava Ray no quarto 52, Sabriny e Phillip no quarto 41, Elorayna e Petra Fauchard no quarto 12, Rogério Cordeiro e Nicolle Pantin no 22, e Lionel no quarto 13, com uma cama vaga.
Às dezoito horas, os acadêmicos e professores se reuniram no refeitório para um jantar inaugurador do semestre na Academia. Enquanto todos conversavam e batiam papo, sentados numa longa mesa, a diretora Júlia os introduzia às regras da Academia e aos integrantes de sua equipe.
— Como muitos de vocês já sabem, visto que o conheceram hoje mais cedo, Willy é o zelador de nossa instituição. Ele é responsável por cuidar da horta, assim como o cemitério da Academia — ao ouvir isso, Petra imediatamente exibiu uma reação de nojo.
— Ouvi dizer que ele foi preso por 5 anos… — sussurrou Ava no ouvido de Sabriny.
— Gente, por que será? — perguntou ela.
— Olha para ele, aposto que matou alguém! — disse Philip.
— Temos que investigar, mandem-me todas as fofocas — sussurrou Haruna.
Júlia deu umas tossidas forçadas para indicar aos alunos que deveriam calar a boca e parar de fofocar, e continuou a apresentar os professores.
— Esta é a professora Márcia… — continuou ela, apontando para uma mulher baixa de cabelos lisos e louros usando roupas coloridas que estava ao seu lado.
— É um prazer conhecer a todos! — disse ela, com um grande sorriso no rosto e balançando seus braços tatuados. — Muitos vêm para a Academia para escrever, mas não esqueçam que também temos uma Sala de Artes! Que anda meio abandonada, aliás… Mas tudo bem! Este ano temos vários planos de aulas e projetos muito bacanas para animar a sala! Para começar…
— Tá bom, Márcia. Já entendemos — interrompeu outro professor, Valdemir, cortando a onda da professora de artes. — Bom, pessoal. Pintar e esculpir é legal para gastar o tempo, mas nós sabemos que vocês vieram aqui mesmo para se aprimorarem como escritores, que é o propósito principal da Academia. Nesse caso, vocês estarão lidando principalmente comigo — o professor apontou para si mesmo.
Enquanto os professores se apresentavam e todos continuavam a cochichar e fofocar, três batidas fortes e graves foram ouvidas da porta de entrada da Academia.
— Quem será? — perguntou Rogério. — Um novo aluno chegando atrasado, talvez?
— Talvez seja um espírito das trevas! — brincou Elo.
— É no meio da noite! — se levantou Lionel, recitando em tom poético. — …que os espíritos das trevas retornam ao mundo humano, para… — ele pegou a nota previamente escrita do bolso e ajeitou seu monóculo. — “se alimentarem de suas almas e levarem sua inocência de volta para o SUBMUNDO!”
— Meio da noite? São seis da tarde. — disse Mês, enquanto Meiling, do seu lado, batia palmas, pois havia gostado das palavras recitadas pelo rapaz.
Três batidas altas foram ouvidas novamente, das portas da Academia. A diretora pausou a reunião enquanto Shizu foi até a porta receber quem estava batendo.
— E aí, vamos ver o que está rolando? — perguntou Philip.
— Claro que vamos! — exclamou Haruna.
Todos os alunos se levantaram e foram atrás de Shizu, para ver o que estava acontecendo. Ao abrir a grande porta de entrada da Academia, todos avistaram um homem magro e asiático, de olhos verdes, vestindo roupas azuis que estavam encharcadas pela chuva.
— Eu achei que não ia conseguir chegar — suspirou ele, sacudindo suas roupas.
— E você é… quem? — perguntou a vice-diretora.
— Uns me chamam de poeta negro, outros de “o jogador”, mas meu nome… é Virgilius Urizen.
— Outro dramático! — disse Sabriny.
— Como você conseguiu chegar até aqui no meio dessa tempestade? — perguntou Petra.
— Bom, além da estrada alagar, uma árvore despencou na estrada a uns cinquenta quilômetros daqui. Eu deixei meu carro lá e caminhei o resto do caminho, por isso o atraso.
— Entendido, agora entre — disse Shizu, tremendo de frio.
Com a chegada de Virgilius, o semestre da Academia estava definido a ter apenas doze estudantes, e uma possível candidata à governanta. Alguns acadêmicos estranharam o rapaz, enquanto outros admiraram sua disposição. Lionel ofereceu para compartilhar o quarto 13, visto que tinha uma cama disponível.
Após se apresentarem ao último estudante, os acadêmicos voltaram para o refeitório, onde Júlia os aguardava. Os demais professores já haviam se retirado para os seus aposentos, ou outros afazeres. Após terminarem de comer e ouvirem mais explicações sobre a Academia, todos eventualmente foram para seus quartos para conversarem e se prepararem para dormir. Afinal, muitos tinham viajado de longe e estavam acordados desde muito cedo.
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No dia seguinte, os acadêmicos começaram sua primeira aula de escrita com o professor Valdemir. A tempestade continuava forte, portanto Monique havia sido instruída, a pedido do professor de escrita, a continuar na casa até o clima melhorar, apesar de ser decidido que, no momento, a Academia não precisava de uma governanta. Já que tinha que ficar lá de qualquer forma, Monique foi até a biblioteca para ler alguns livros enquanto estava por lá.
Ao entrar no cômodo, Monique gritou. Seu grito alto e agudo foi ouvido na casa inteira, espantando a todos. Os alunos e membros da equipe todos correram para ver o que estava acontecendo, e ao chegarem na biblioteca, foram recebidos por uma visão terrível.
No meio da grande sala, um corpo sem vida se encontrava deitado no chão, com uma pá enfiada em seu peito, abrindo-o no meio. Algumas costelas estavam quebradas, perfurando a pele e alguns órgãos da pessoa. A parte metálica da arma do crime parecia ter sido forçada contra o torso da vítima algumas vezes até que a perfuração foi suficiente para danificar o coração. Sua cabeça estava parcialmente esmagada, com marcas de lama na mesma. O corpo estava envolto de uma poça de sangue, que se estendia pelo chão da sala.
— P… P… Professora M… Márcia! — Gaguejou Ava, chocada, ao reconhecer o corpo.