Soa-me cômico e, até espantoso,
Como é possível ou imaginável
Aos olhos de um ser, unicamente, findável,
Ser eterno nas palavras que transcreve
Com tamanha sutileza e pouca prudência.
Depois de caminhar pelo inferno
E beijar os lábios da morte,
Percebi que alguns só entendem
A preciosidade da vida
Quando ela se torna uma inimiga;
Quando ela se torna tudo o que você tem.
Após fugir do tormento e afogar-me em remorso,
Senti o mais profundo e demasiado nada
Em sua mais pura essência.
A tristeza veio como companheira
E seu constante torturar
Abalou as estruturas de minha alma,
Tornando-me assim, a maior das inválidas.
Agarrei a melancolia como amiga,
Pois somente ela, eu via.
Porém, uma fagulha de amor caiu em meu coração
E, quando vi que era tarde demais para salvar
Qualquer coisa daquilo que chamava de lar,
Fugi de uma casca vazia e, como um lampejo,
Voltei a ser tudo aquilo que não era
Depois de muito tempo.
Tudo novamente brilhou, mas não completamente.
Não se apaga a escuridão de uma hora para a outra,
Assim como não se vive feliz eternamente.
A vida é repleta de altos e baixos,
Poemas bons e ruins;
Dias horríveis e extraordinários,
Pois não se foge do inevitável.
A vida sempre será aquela música
Que nos alegra e entristece,
Pois ela é a melodia mais bonita
E a mais triste também.
A minha alma se desfez em pedaços
E, quando notei que era um ser fragmentado,
Não gritei ou chorei ou me escondi.
Decidi que continuaria com o que tinha,
Pois não se conserta uma alma despedaçada.
A Tortura não morreria,
A Tristeza jamais sumiria
E a Ternura eu nunca abandonaria,
Por isso, aquelas que de um transtorno surgiram,
Tornaram-se minha transformação
E passaram a morar em meu coração.
Tendo como base a incerteza de uma vida tranquila,
Peguei minhas companhias mais sombrias
E as enfeitei com o melhor que tinha:
Uma alma disposta a poetizar sobre a vida.