Quando você partiu sem remorso
E semeou em meu peito a desesperança,
Restou-me dançar sobre as cinzas
Das primaveras de nossas lembranças.
Quando você subjugou minhas vontades
E enganou-me com sua falsa metade,
Caminhei pelas ruas tentando afastar
Todos os motivos que me fizeram te amar.
Quando contei a ti todos os meus segredos
E tua faca cravou-se em meu peito,
Mentiras sobre meu verdadeiro eu
Espalharam-se como a Peste Negra.
Quando não sabia a quem recorrer
E meu último recurso foi morrer,
Abriguei-me na eternidade da escuridão
Que foi selada pela tampa de meu caixão.
Tuas lágrimas de arrependimento
Escorrendo por meu leito
E teus soluços abafados
Ecoando por meu corpo gelado,
São apenas sussurros ditos ao escuro.
Suas palavras não podem mais me alcançar
Muito menos me machucar,
Pois sou somente um monstro que tu criou:
A personificação da discórdia
E a ilusão de um coração partido
Por aquele que um dia,
Foi o motivo de meu sorriso.