Caminho imponente através da cidade,
O sol brilha e coroa minha felicidade.
Hoje cedo achei dois reais no chão
Eu diria, baby, que foi minha salvação
— Precisava dum trocado pro cigarro —
Comprei um Malrboro e cuspi catarro
(Ando gripado há alguns dias
Mas nada que obstrua minhas alegrias... )
Fumando o tal do cigarro lembrei de algo...
Ah sim! Eu me diverti com um certo fidalgo.
Era um bobalhão metido a besta arrogante;
Vivia desfilando com o seu carro possante.
Estudei com ele quando pequeno.
Ele me humilhava de modo obsceno:
Torcia meus mamilos, chutava meu saco
Me cuspia e me chamava de Jovem Rato...
O Jovem Rato cresceu, tornou-se sagaz.
Chamei-o pra passear semanas atrás...
Assistimos Power Rangers no cinema.
Nós, dois adultos, imagina a cena!...
Ele pensava que eu gostava dele, o maldito...
Saímos, fomos lá em casa, lugar bonito...
Preparei uma macarronada.
Ele comeu, a pança estufada...
"Gostou?" perguntei eu.
"Cê cozinha bem" respondeu.
"Vou preparar a sobremesa"
Voltei com um facão, ele esboçou surpresa...
Dei-lhe uma maçã.
"Pra quê essa maçã?"
Perfurei suas tripas, ferozmente.
Ele abriu a boca, berrando dolorosamente.
Enfiei a maçã ali, abafando o grito.
De sua barriga escorria o alimento digerido;
O sangue espichava, meio roxo e idiota...
Antes de morrer, o bicho escroto ainda arrota...
Parecia um porco, com a maçã na boca,
Cagado, os olhos tristes arregalados...
Piquei-lhe todo, fiz uma sopa...
Meus cachorros gostaram, abanaram os rabos...
Recordando disso, caminhava vibrante,
como eu dizia...
Era um dia ensolarado e, naquele instante,
A alegria era tanta, eu estava tão excitado,
Que eu pensei, cá comigo:
Puxa! Como é bom reencontrar um velho amigo...