A dúvida afetou o afeto,
Feriu meu âmago,
Desamarrou meus sapatos
E me fez cair de cara no asfalto.
A dúvida era como chuva:
Chovia sem parar
E ela, sem calar,
Alagou meus pensamentos.
Sou como o vento...
Não consigo ser só um momento,
Mas odeio estar sozinha
Correndo contra a vida.
A dúvida era como o fruto proibido
Que eu não deveria comer,
Mas as lombrigas da certeza
Quase me causarem uma indigestão: comi por falta de opção.
A dúvida é como Shakespeare
Escrevendo romances trágicos
E fazendo morrer
Tudo o que eu sempre quis que se tornasse real.
Sou como o Sol do meio dia
Que brilha e brilha sem parar
E enquanto eu não encontrar o ponto certo para descansar,
Fará calor sem cessar.
A dúvida me fez ver
Que meu amor é um ponto cego
Escondido no universo
E que não está pronto para morar em meus versos.