Eram oito da manhã
Quando ele me ligou.
Perguntou se eu estava dormindo
E respondi que não, sorrindo.
Fez o convite:
Chamou-me para ir ao parque
E disse que estaria me esperando
No mesmo banco
Em que nos encontramos
Na última vez,
Daqui a uma hora.
Aceitei,
Desligamos.
Fui para o quarto
Em busca de uma roupa
Que se encaixasse na ocasião.
Espiei pela janela:
Fazia sol.
Abri o armário,
Peguei as sapatilhas
E o vestido de margaridas
Que nunca havia usado.
Soltei os cabelos
Passei batom vermelho
E, enfim, olhei-me no espelho:
Estava bom.
"Uma gracinha", ele diria.
E não tinha problema:
Ele gostava de mim assim,
Porque, estando nua ou despida,
Ele me olhava com os olhos da alma.
Saí de casa
Quando faltavam muitos minutos.
Decidi ir andando,
Porque a passagem não vália o ônibus
E o dia belo não merecia ser trocado
Por um transporte tão caro.
Então, caminhei
E caminhei
Até no parque chegar
E no nosso banco,
Te esperar.
Dois segundos depois
Você apareceu,
Como um Romeu apaixonado.
Nos olhamos,
sorrimos.
Um beijo na testa,
Abraço apertado
E teu olhar
Denunciava seu querer.
Levantei os pés
E teus lábios encontrei.
Beijo demorado
E com gosto de canela.
Por pouco
Não nos perdemos
Naquela novela.
Nos afastamos
E você guiou meus passos
Para um local mágico.
Encontramos uma sombra
Deitamos na grama
E você segurou minha mão.
Depois, veio o silêncio.
A poesia estava no ar
E então, te ouvi dizer:
"Olhe pro lado", e eu o fiz.
Surpresa, sorri,
Pois meu vestido
Estava dançando
Com as margaridas
Que estavam espalhadas pelo chão.
"Seu vestido combinou com a ocasião", você disse brincalhão.
Permanecemos ali,
Fazendo poesia com gestos,
Enquanto as margaridas
Dançavam de alegria.