A Vingança de Catharina
Sabrina Ternura
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 30/10/21 22:02
Editado: 30/10/21 22:23
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 5min a 6min
Apreciadores: 2
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Palavras: 837
[Texto Divulgado] "Não Pare de Olhar" Uma mulher, isolada em seu apartamento, começa a acreditar que está sendo observada por alguém no prédio em frente. A paranóia começa a crescer levando o limite entre sanidade e loucura se tornar cada vez mais tênue.
Não recomendado para menores de dezoito anos
Notas de Cabeçalho

Ciao a tutti e tutte! Esse texto foi escrito para o AD06 - Versão Obscura, onde a proposta era transformar a obra do AD05 - Passado Sinistro em algo sinistramente obscuro. Gostaria de ter feito algo melhor para o desafio, porém isso foi tudo o que consegui fazer, tendo em vista que o meu poema Chá com a Chuva possuía uma temática um tanto quanto complexa para ser transformada em algo do gênero terror/horror.

ALERTA DE GATILHO: o texto abaixo possui algumas descrições que podem causar perturbação em pessoas sensíveis. Continue lendo e coloque sua mente em risco.

Desejo uma boa leitura aos que decidirem prosseguir ♥

Capítulo Único A Vingança de Catharina

Apesar de ser dia, o céu acima do Bosque das Flores estava tomado pela mais profunda escuridão, prenunciando a chegada de uma forte chuva. Catharina encontrava-se dentro de sua cabana preparando um chá. De costas para o seu convidado, a mulher preparava a bebida como se estivesse realizando um ritual. Após posicionar a xícara branca sobre o pires, ela retirou um recipiente metálico de dentro do fogão a lenha cuidadosamente e removeu o infusor de dentro do mesmo. Assim, ela despejou o líquido avermelhado dentro da porcelana alva, preenchendo-a. Ela finalizou colocando um torrão de açúcar. Catharina respirou fundo e se virou, levando a bebida quente para o homem de cabelos negros que estava sentado em uma das poltronas da sala.

— Você queira imaginar a minha surpresa quando recebi sua carta me dizendo para vir até aqui. — Declarou a voz masculina cheia de entusiasmo, enquanto esticava os braços para pegar a xícara.

— Ah, Draco! — Exclamou a mulher, que observava com certa satisfação ele virar a porcelana, enquanto ingeria todo o líquido. — Senti sua falta até meu último fio de cabelo.

— Eu sei… — Falou Gutemberg com satisfação, colocando a xícara sobre a pequena mesa de centro. — Ninguém te fudeu como eu, não é mesmo?

O homem soltou uma risada quase primitiva, como se houvesse alcançado o auge de seu júbilo. A jovem de cabelos negros sorriu forçadamente e se sentou na poltrona do outro lado da sala. Apesar do escândalo de euforia vergonhoso do duque e das fortes gotas da chuva que começavam a cair, Catharina conseguia ouvir com clareza a própria respiração levemente ofegante por conta da ansiedade que começava a consumi-la. Contudo, a sua ânsia em executar seu plano não superava a sua concentração em mantê-lo oculto até o último segundo.

— Então — Começou Draco, após se acalmar. — A minha semente gerou uma criança… Mas, você sabe, eu não posso assumir o filho de uma puta. Você deve arrumar uma maneira de interromper a gravidez. Uma surra, talvez…

Por alguns segundos, o coração de Catharina foi preenchido pelo mais puro pavor, porém, ela se lembrou das palavras de encorajamento de Diablair e encarou com nojo a feição de Gutemberg, que enumerava os mais diversificados métodos para acabar com a vida de seu filho. Foi então que ela percebeu que as veias do homem estavam tomando uma coloração arroxeada e sua pele estava mais pálida que o normal. Catharina se levantou abruptamente, soltando uma risada maligna tão embargada de regozijo, que fez o duque se calar.

— O teatro acabou. — Declarou Catarina, histérica. — E a sua vida, também.

Gutemberg começou a sentir sua garganta se fechando, como se alguém o estivesse sufocando por dentro. Desesperado em busca de ar, ele jogou seu corpo para frente, caindo da poltrona. A mulher, que estava dançando como uma ninfa da floresta, parou com a coreografia quando encarou o corpo agonizando no chão. Com um olhar que transbordava desprezo e um tom de voz arrogante, ela disse:

— Patético!

O estado deplorável do homem apenas aumentava. Seu estômago parecia estar sendo usado de cabo de guerra por duas crianças e seu nariz insistia em fazê-lo inalar o cheiro pútrido que parecia sair de seu próprio corpo. De repente, diversas baratas começaram a sair das narinas de Gutemberg, assim como diversas aranhas começavam a adentrar seus ouvidos. No entanto, isso não parecia ser pior do que o grande animal que ele sentia que se movimentava dentro de sua barriga. Ele conseguiu forças para virar o corpo de barriga para baixo com o intuito de findar com a vida do animal e com o seu sofrimento, mas já era tarde demais: a ratazana enorme já se encaminhava até o orifício anal do homem com o objetivo de se livrar de sua prisão. Assim que ela rasgou com violência tanto o ânus quanto a roupa de Gutemberg, Catharina começou uma intensa salva de palmas, o que pareceu incentivar o animal a se vingar do homem. O rosto de Draco estava virado para o lado e colado no chão, quando a ratazana começou a comer seus globos oculares. Ele soltava gemidos de dor, porém não possuía forças para gritar ou se debater. Aquele era o tipo de morte que um canalha como ele merecia: sentir cada centímetro de dor, sem poder fazer nada para impedi-la ou cessá-la.

Catharina se deleitava com a situação e, sabendo que Gutemberg estava impedido de morrer pelas próximas 48h por conta do chá de Pu-erh¹ e que a situação deplorável do homem apenas pioraria, ela olhou pelo vidro da janela e disse com tranquilidade:

— Depois da chuva, Diablair virá expurgar essa bagunça até o sétimo inferno.

Após acariciar sua barriga e deixar tais palavras jogadas no ar, a mulher foi até a cozinha e passou a selecionar algumas ervas para fazer um chá que não estivesse envenenado com tripas de demônios que haviam sido contaminados com hipocrisia angelical.

— A vingança — Concluiu Catharina colocando a água para ferver, enquanto Draco agonizava no fundo. — É um chá que deve ser tomado quente e com açúcar.

❖❖❖
Notas de Rodapé

¹ No texto, o chá de Pu-erh nada mais é do que pequenos pedaços secos de tripas de demônios que foram contaminados com hipocrisia angelical e acabaram padecendo. Na Dimensão do Submundo, mais especificamente no Mercado Obscuro, essas tripas são comercializadas ilegalmente em pequenas quantidades, pois são mortalmente venenosas, causando em quem as ingere um sofrimento profundo por 48h, antes da morte buscá-las. Contudo, gostaria de destacar que se trata de uma obra de ficção, logo o chá citado no texto não é venenoso na vida real. Caso queira saber mais sobre, leia aqui.

*Obra não cânonica do UG, porém imaginem só como teria sido legal ver o Diablair ajudar a Catharina com uma vingança homérica e cheia de maldade contra o Gutemberg.

** Caso você não conheça os personagens Catharina e Gutemberg, sugiro que você leia Caçada Sombria.

*** Aos interessados, o meu texto do AD05 pode ser lido aqui. Acredito que a leitura deixará algumas referências deste texto mais claras.

Obrigada aos que leram até aqui ♥

Apreciadores (2)
Comentários (2)
Comentário Favorito
Postado 01/11/21 04:22

Pelas profundezas infinitas do Inferno... Eu estou completamente arrepiado com o que eu li agora...

Sim, e o estou pois aqui vemos o que acontece quando uma boa pessoa é levada além de seus limites, o monstro que surge quando alguém como Catharina decide se vingar de um LIXO INDESCRITÍVEL como Guttemberg. Mas, o que realmente me impressionou foi a criatividade maligna da autora ao criar um chá desses, bem como a riqueza malevolente detalhes ao narrar com maestria SATÂNICA seus nefastos efeitos...

NÃO descanse em paz, maldito Draco.

Sua deturpação da obra original superou minhas expectativas, Srta Ternura, o que nem chega a ser novidade, pois é da senhorita que estamos falando... Meus mais sinceros parabéns por ter nos mostrado de um modo tão visceral e maligno uma vez mais como fazer e o que esperar de uma obra postada para este AD.

Orgulhosamente,

um monstro que sempre preferiu café, True Diablair.

Postado 05/11/21 20:29

Ah, Diab, seus comentários sempre me deixam impressionada e sem palavras.

Fico extremamente feliz e encantada que eu tenha feito algo à altura deste desafio tão incrível!

Obrigada pela presença e comentario, Diab (particularmente prefiro café, também) ♥

Postado 06/11/21 20:48

Levando em consideração que o Gutemberg é um verdadeiro lixo e merecia viver o pior que existe na terra pelo resto de seus dias, esse texto foi extremamente satisfatório. O que me tranquiliza é saber que após viver isso por 48h, o Diablair vai estar esperando ele no inferno kkkkkkk.

A Catharina não foi muito explorada (ainda!!!) no UG, então foi muito bacana vê-la em ação. A criatividade dessa obra alcançou níveis absursos e bizarros kkkkkk.

Parabéns, meu amor :)

Postado 17/11/21 17:45

Fico feliz que tenha gostado!

Obrigada pela presença e comentário, meu bem ♥

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