Cidade de dois moradores - Roteiro
Mariana Heloise
Tipo: Roteiro (Cena)
Postado: 16/05/21 15:36
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 7min a 9min
Apreciadores: 1
Comentários: 1
Total de Visualizações: 633
Usuários que Visualizaram: 10
Palavras: 1131
Não recomendado para menores de dezoito anos

Esta obra participou do Evento Academia de Ouro 2021, indicada na categoria Roteiro (Cena).
Para saber mais sobre o Evento e os ganhadores, acesse o tópico de Resultados.

Notas de Cabeçalho

Roteiro baseado no texto de mesmo nome e mesma autora disponível em: https://www.spiritfanfiction.com/historia/cidade-de-dois-moradores-17319880

Fiz esse roteiro para uma aula de metodologia de artes. Resolvi postar aqui.

Capítulo Único Cidade de dois moradores - Roteiro

01. RUA – EXT. – DIA.

A tela preta desaparece lentamente. Mostrando o cenário onde há sombras na rua e quatro zumbis parados na frente do protagonista que assustado resolve agir.

LEONARDO

Vão embora! – PAUSA - Não tem nada para vocês aqui.

Os zumbis se afastam, Leonardo confuso olha a sua volta e uma garota armada aparece.

MELISSA

Então, você é humano?

LEONARDO

S-Sim. E você?

MELISSA

Sou. – PAUSA – Anda não devemos ficar aqui. Eles vão voltar.

Os dois andam na direção oposta a que os zumbis foram.

Enquanto os dois andam os créditos iniciais vão aparecendo.

02. RUA – EXT. – DIA.

Os dois personagens andam em silencio o que incomoda o protagonista. Após momentos sem conversa Leonardo quebra o clima.

LEONARDO

Então, você tem um nome?

MELISSA

Isso faz diferença?

LEONARDO

Leonardo, meu nome é Leonardo! – PAUSA - Nasci e cresci aqui em Curitiba, eu tinha um irmão, ele sumiu quando tudo começou – PAUSA - ele era mais velho. Meus pais já morreram, logo no começo, desde então estou sozinho e até achava que ninguém mais ‘tava’ vivo. Até você aparecer, então pode por favor me falar a porcaria do seu nome?

O tom de Leonardo surpreende Melissa que resolve se manifestar.

MELISSA

Melissa

LEONARDO

É um bom nome

MELISSA

Eu tinha uma família. – PAUSA – Morreram quando tudo começou, morávamos no Portão e por algum tempo conseguimos ficar escondidos, mas a comida acabou e tivemos que sair. Então eles foram pegos e eu corri por muito tempo, até estar completamente exausta, foi quando acabei numa delegacia abandonada, por sorte havia apenas guardas mortos por lá, peguei as armas que encontrei e fui para casa. Desde então tenho sobrevivido.

O silencio volta por alguns minutos, Leonardo fica surpreso com a história.

03. RUA – EXT. – INÍCIO DE NOITE

Os personagens chegam no centro da cidade e começam a procurar um lugar para passar a noite.

MELISSA

Eu não vinha muito ‘pro’ Centro

LEONARDO

Eu vinha todo dia, estudava durante a semana e todo sábado eu arrumava alguma coisa para fazer por aqui. – PAUSA - eu sempre amei esse lugar, todo dia ver gente diferente, todo dia poder encontrar algo pra rir, ter infinitas possibilidades de restaurantes para almoçar – PAUSA - era muito bom.

MELISSA

Você sabe como tudo começou?

Leonardo senta-se em um banco da praça encarando um chafariz refletindo antes de falar.

LEONARDO

Parece que estavam testando uma nova medicação, falaram que poderia curar doenças como o câncer ou a AIDS. Não sei ao certo quem começou a pesquisa ou os testes, mas logo deu errado. – PAUSA - as pessoas começaram a reagir de forma esquisita, e tudo ficou um caos. Falaram que era um vírus maligno. As pessoas começaram a deixar a cidade e logo o vírus se espalhou pelo estado, então deixaram todo o Paraná em quarentena até resolverem tudo – PAUSA MAIS LONGA -Não foi o suficiente. se espalhou pelo Brasil, depois pelo mundo. E então as mortes aumentaram drasticamente e a energia sumiu, acho que cortaram ou sei lá. Então tudo acabou. – PAUSA - Agora estamos aqui, sem saber o que fazer e quanto tempo vamos viver – PAUSA - às vezes eu preferia nunca ter sobrevivido, contudo percebi que era uma coisa idiota de se pensar e segui com a minha sobrevivência.

Leonardo sorri e encara Melissa que está pensativa. O silencio permanece por mais alguns minutos.

MELISSA

Eles estão morrendo.

Leonardo fica confuso

LEONARDO

O quê? Como assim? Eles já estão mortos!

MELISSA

Acho que estão ficando sem comida. Sabe as pessoas morreram, eles comeram todas ou sei lá. – PAUSA – Eu percebi que estão cada vez mais fracos e simplesmente morrendo, não sei explicar, mas – PAUSA LONGA - aquele grupo que você encontrou, são os últimos vivos.

Melissa faz aspas com os dedos ao dizer vivos.

MELISSA

acho que se matarmos eles, podemos viver em paz, aqui pelo menos.

LEONARDO

Vamos, vai anoitecer em breve e quero estar seguro.

Os dois seguem para um prédio abandonado antes de anoitecer.

04. SALA DE APARTAMENTO – INT. – NOITE.

Os dois arrumam as coisas para passar a noite, após deitar Leonardo puxa assunto.

LEONARDO

Eu estudava aqui no Centro.

MELISSA

Estudou o quê?

LEONARDO

Engenharia, eu era um dos melhores!

MELISSA

Claro que sim! Quantos anos tem?

Leonardo conta os anos antes de responder.

LEONARDO

Minha nossa eu tenho vinte e oito anos!

Melissa começa a rir da reação exagerada.

LEONARDO

não tem graça, não havia percebido como estou velho!

MELISSA

Sim, já é um senhor! – PAUSA - Eu tenho vinte e cinco.

LEONARDO

Viu? Sou mais velho que você!

05. SALA DE APARTAMENTO – INT. – DIA

Leonardo acorda e acorda Melissa, que é agressiva até perceber onde está. Enquanto comem Leonardo puxa assunto.

LEONARDO

Sabe estava pensando – PAUSA - Eu comecei a chamar Curitiba de Cidade de um morador, mas agora que você apareceu, devo chamar de Cidade de dois moradores, não acha?

MELISSA

os dois nomes são bobos, mas é bom me incluir mesmo.

Ambos sorriem e logo saem do apartamento.

06. RUA – EXT. – DIA.

Os personagens caminham tranquilamente até Melissa escutar um som.

LEONARDO

Que foi?

MELISSA

Nos seguiram!

Os zumbis aparecem pegando os dois de surpresa. Primeiro pegam Melissa que encara Leonardo buscando ajuda, o personagem alcança a arma em sua e atira neles, contudo não adianta. Os olhos de Leonardo se arregalam ele assiste impotente os zumbis a devorarem.

A imagem fica preta e foca no rosto de Leonardo, dando destaque a expressão de dor dele.

Aos poucos a imagem retorna em frames rápidos.

Então Leonardo tomado pela raiva vai para cima dos inimigos e mata um por um com as próprias mãos.

Enquanto o personagem tem esse ataque de fúria a frase de Melissa “acho que se matarmos eles, podemos viver em paz” fica ressoando ao fundo.

Quando Leonardo termina a imagem de Melissa indo embora enquanto diz “paz” aparece na tela.

O corpo de Leonardo cede e ele despenca no chão.

07. RUA – EXT. – ENTARDECER.

Leonardo encara a garota morta e pega uma faca em sua mochila, corta a cabeça de Melissa enquanto as lagrimas caem de seus olhos.

Depois Leonardo anda até um terreno vazio e começa a cavar com as próprias mãos, faz um buraco fundo o suficiente para colocar Melissa dentro e após acabar leva seu corpo falecido até lá, volta e leva a cabeça, arruma tudo no buraco e começa a enterrá-la.

Após isso Leonardo pega uma madeira jogada e escreve o nome de Melissa, em baixo escreve “Melissa, uma boa amiga mesmo em poucos dias” e coloco-a sobre o tumulo improvisado.

LEONARDO

Descanse em paz!

Leonardo pega a arma em sua cintura e aponta para própria cabeça

LEONARDO

Foi bom te conhecer Melissa, obrigado por me alegrar mesmo em meio a tristeza de tudo.

Leonardo atira.

A tela fica preta e apenas um grito de uma mulher é ouvido ao fundo.

Sobem os créditos.

❖❖❖
Apreciadores (1)
Comentários (1)
Postado 16/05/21 19:53

Triste, sinto tristeza... Mas como assim uma mulher grita no fundo? Teria haver com a obra de inspiração? Tam Tam Tam~

Adorei seu texto, um apocalipse realmente cruel e sem sobreviventes!~

Fico muito feliz — mesmo ainda triste que os dois personagens morreram — que tenha compartilhado sua obra aqui no site! Foi uma leitura incrível, eu simplesmente amei~

Assinado uma pequena vampira,

<3

Postado 17/05/21 20:14

Muito obrigada pelas palavra! Fico feliz que gostou!

Sobre o grito...é um mistério!

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