01. RUA – EXT. – DIA.
A tela preta desaparece lentamente. Mostrando o cenário onde há sombras na rua e quatro zumbis parados na frente do protagonista que assustado resolve agir.
LEONARDO
Vão embora! – PAUSA - Não tem nada para vocês aqui.
Os zumbis se afastam, Leonardo confuso olha a sua volta e uma garota armada aparece.
MELISSA
Então, você é humano?
LEONARDO
S-Sim. E você?
MELISSA
Sou. – PAUSA – Anda não devemos ficar aqui. Eles vão voltar.
Os dois andam na direção oposta a que os zumbis foram.
Enquanto os dois andam os créditos iniciais vão aparecendo.
02. RUA – EXT. – DIA.
Os dois personagens andam em silencio o que incomoda o protagonista. Após momentos sem conversa Leonardo quebra o clima.
LEONARDO
Então, você tem um nome?
MELISSA
Isso faz diferença?
LEONARDO
Leonardo, meu nome é Leonardo! – PAUSA - Nasci e cresci aqui em Curitiba, eu tinha um irmão, ele sumiu quando tudo começou – PAUSA - ele era mais velho. Meus pais já morreram, logo no começo, desde então estou sozinho e até achava que ninguém mais ‘tava’ vivo. Até você aparecer, então pode por favor me falar a porcaria do seu nome?
O tom de Leonardo surpreende Melissa que resolve se manifestar.
MELISSA
Melissa
LEONARDO
É um bom nome
MELISSA
Eu tinha uma família. – PAUSA – Morreram quando tudo começou, morávamos no Portão e por algum tempo conseguimos ficar escondidos, mas a comida acabou e tivemos que sair. Então eles foram pegos e eu corri por muito tempo, até estar completamente exausta, foi quando acabei numa delegacia abandonada, por sorte havia apenas guardas mortos por lá, peguei as armas que encontrei e fui para casa. Desde então tenho sobrevivido.
O silencio volta por alguns minutos, Leonardo fica surpreso com a história.
03. RUA – EXT. – INÍCIO DE NOITE
Os personagens chegam no centro da cidade e começam a procurar um lugar para passar a noite.
MELISSA
Eu não vinha muito ‘pro’ Centro
LEONARDO
Eu vinha todo dia, estudava durante a semana e todo sábado eu arrumava alguma coisa para fazer por aqui. – PAUSA - eu sempre amei esse lugar, todo dia ver gente diferente, todo dia poder encontrar algo pra rir, ter infinitas possibilidades de restaurantes para almoçar – PAUSA - era muito bom.
MELISSA
Você sabe como tudo começou?
Leonardo senta-se em um banco da praça encarando um chafariz refletindo antes de falar.
LEONARDO
Parece que estavam testando uma nova medicação, falaram que poderia curar doenças como o câncer ou a AIDS. Não sei ao certo quem começou a pesquisa ou os testes, mas logo deu errado. – PAUSA - as pessoas começaram a reagir de forma esquisita, e tudo ficou um caos. Falaram que era um vírus maligno. As pessoas começaram a deixar a cidade e logo o vírus se espalhou pelo estado, então deixaram todo o Paraná em quarentena até resolverem tudo – PAUSA MAIS LONGA -Não foi o suficiente. se espalhou pelo Brasil, depois pelo mundo. E então as mortes aumentaram drasticamente e a energia sumiu, acho que cortaram ou sei lá. Então tudo acabou. – PAUSA - Agora estamos aqui, sem saber o que fazer e quanto tempo vamos viver – PAUSA - às vezes eu preferia nunca ter sobrevivido, contudo percebi que era uma coisa idiota de se pensar e segui com a minha sobrevivência.
Leonardo sorri e encara Melissa que está pensativa. O silencio permanece por mais alguns minutos.
MELISSA
Eles estão morrendo.
Leonardo fica confuso
LEONARDO
O quê? Como assim? Eles já estão mortos!
MELISSA
Acho que estão ficando sem comida. Sabe as pessoas morreram, eles comeram todas ou sei lá. – PAUSA – Eu percebi que estão cada vez mais fracos e simplesmente morrendo, não sei explicar, mas – PAUSA LONGA - aquele grupo que você encontrou, são os últimos vivos.
Melissa faz aspas com os dedos ao dizer vivos.
MELISSA
acho que se matarmos eles, podemos viver em paz, aqui pelo menos.
LEONARDO
Vamos, vai anoitecer em breve e quero estar seguro.
Os dois seguem para um prédio abandonado antes de anoitecer.
04. SALA DE APARTAMENTO – INT. – NOITE.
Os dois arrumam as coisas para passar a noite, após deitar Leonardo puxa assunto.
LEONARDO
Eu estudava aqui no Centro.
MELISSA
Estudou o quê?
LEONARDO
Engenharia, eu era um dos melhores!
MELISSA
Claro que sim! Quantos anos tem?
Leonardo conta os anos antes de responder.
LEONARDO
Minha nossa eu tenho vinte e oito anos!
Melissa começa a rir da reação exagerada.
LEONARDO
não tem graça, não havia percebido como estou velho!
MELISSA
Sim, já é um senhor! – PAUSA - Eu tenho vinte e cinco.
LEONARDO
Viu? Sou mais velho que você!
05. SALA DE APARTAMENTO – INT. – DIA
Leonardo acorda e acorda Melissa, que é agressiva até perceber onde está. Enquanto comem Leonardo puxa assunto.
LEONARDO
Sabe estava pensando – PAUSA - Eu comecei a chamar Curitiba de Cidade de um morador, mas agora que você apareceu, devo chamar de Cidade de dois moradores, não acha?
MELISSA
os dois nomes são bobos, mas é bom me incluir mesmo.
Ambos sorriem e logo saem do apartamento.
06. RUA – EXT. – DIA.
Os personagens caminham tranquilamente até Melissa escutar um som.
LEONARDO
Que foi?
MELISSA
Nos seguiram!
Os zumbis aparecem pegando os dois de surpresa. Primeiro pegam Melissa que encara Leonardo buscando ajuda, o personagem alcança a arma em sua e atira neles, contudo não adianta. Os olhos de Leonardo se arregalam ele assiste impotente os zumbis a devorarem.
A imagem fica preta e foca no rosto de Leonardo, dando destaque a expressão de dor dele.
Aos poucos a imagem retorna em frames rápidos.
Então Leonardo tomado pela raiva vai para cima dos inimigos e mata um por um com as próprias mãos.
Enquanto o personagem tem esse ataque de fúria a frase de Melissa “acho que se matarmos eles, podemos viver em paz” fica ressoando ao fundo.
Quando Leonardo termina a imagem de Melissa indo embora enquanto diz “paz” aparece na tela.
O corpo de Leonardo cede e ele despenca no chão.
07. RUA – EXT. – ENTARDECER.
Leonardo encara a garota morta e pega uma faca em sua mochila, corta a cabeça de Melissa enquanto as lagrimas caem de seus olhos.
Depois Leonardo anda até um terreno vazio e começa a cavar com as próprias mãos, faz um buraco fundo o suficiente para colocar Melissa dentro e após acabar leva seu corpo falecido até lá, volta e leva a cabeça, arruma tudo no buraco e começa a enterrá-la.
Após isso Leonardo pega uma madeira jogada e escreve o nome de Melissa, em baixo escreve “Melissa, uma boa amiga mesmo em poucos dias” e coloco-a sobre o tumulo improvisado.
LEONARDO
Descanse em paz!
Leonardo pega a arma em sua cintura e aponta para própria cabeça
LEONARDO
Foi bom te conhecer Melissa, obrigado por me alegrar mesmo em meio a tristeza de tudo.
Leonardo atira.
A tela fica preta e apenas um grito de uma mulher é ouvido ao fundo.
Sobem os créditos.