O Vazio
gubichair
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 09/10/20 00:37
Editado: 09/10/20 00:44
Gênero(s): Mistério
Avaliação: 10
Tempo de Leitura: 1min a 2min
Apreciadores: 5
Comentários: 5
Total de Visualizações: 939
Usuários que Visualizaram: 18
Palavras: 295
[Texto Divulgado] "cama de faquir" Nem tudo compensa Nem tudo compensa Nem tudo compensa Nem tudo compensa Nem tudo compensa Nem tudo compensa Nem tudo compensa Nem tudo compensa Nem tudo compensa Nem tudo compensa Nem tudo compensa Nem tudo compensa
Livre para todos os públicos

Esta obra participou do Evento Academia de Ouro 2020, indicada na categoria Mistério.
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Notas de Cabeçalho

Dia 2 do Desafio de Imagens Ocultas.

Capítulo Único O Vazio

Olhou em volta e não viu nada, até onde conseguiu enxergar, em qualquer direção a linha do horizonte era contínua. Seguiu os instintos primitivos, um passo para frente, um para trás, testou a resistência do chão, deu uns pulinhos tímidos. O espaço físico existe, concluiu, encarou o céu, ou a coisa que deveria estar no lugar de um céu, sentiu uma tontura e sentou. A temperatura era amena, buscou sua sombra sem sucesso. Tentou resgatar a última memória, lembrou de vozes sem contexto e algumas formas que não conseguiu identificar. Era a expressão máxima da abstração, um elemento isolado, um corpo solitário em um ambiente estranho. Quis sentir medo, uma reação natural que confirmasse a existência de uma entidade malévola, uma saída que não encontrou. Levantou-se e começou a caminhar em linha reta, tinha o espírito otimista. E ao pó retornaremos, disse em voz alta ao iniciar sua jornada.

Após algum tempo decidiu parar para descansar, trocou o exercício monótono pela observação tediosa. Se sentisse fome ou sede seria seu fim, o pensamento mórbido era quase palpável. Deitou o corpo na superfície do nada e fechou os olhos. Finalmente foi capaz de distinguir formas e sons, suas mãos estavam cobertas de sangue e ao seu lado centenas de outros corriam apressados, subiam escadas e escalavam janelas, em um altar suspenso por grossas correntes viu o alvo de tudo aquilo: uma coroa, um senso de dever possuiu seu corpo, devia conseguir a coroa. Entorpecido pela adrenalina, despertou e acostumou a vista com o nada. Nenhuma recompensa lhe esperava, aos poucos, como o vento varre os grãos de areia, perdeu a lembrança daqueles eventos.

De forma natural, perdeu a capacidade de fazer conexões lógicas, construções conceituais intrínsecas ao poder da mente, sua realidade se tornou o nada.

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Apreciadores (5)
Comentários (5)
Postado 09/10/20 17:03

Que texto fantástico, Sr. Gubichair!!

Essa foi uma ótima representação do pós-morte, o nada infinito.

Gostei dele no começo testando se o chão era chão, gostei da vontade de querer sentir medo, do pensamento mórbido sobre sentir fome e sede!

Um texto que prende o leitor, na expectativa de saber o que mais vai acontecer!

Meus parabéns e um abraço <3

Postado 20/11/20 00:05

Adorei muito esse conto e pergunto-me se minha interpretação foi bem feita ou somente delirio meu hahhaha

O texto trataria da nossa vida e como corremos atrás de algo que nem está lá? No caso estamos parados no vazio e em nossas mentes inventados que temos um objetivo e para alcançar este objetivo (a coroa) podemos sujar nossas mãos de sangue e fazer de tudo para chegar lá.

Mas a verdade é que não tem nada para alcançar e não precisamos mentir e ferir ninguém para isso, pois no final vamos ao pó esquecendo desse objetivo e não podendo nem mais fazer uma simples "conexões lógicas"... Que no final nossa mente vai fazer parte desse vazio que é a vida adulta.

Eu provavelmente viagei para bem longe, mas deixo aqui minha interpretação hahah

Agradeço muito por ter compartilhar sua obra e me proporcionado essa reflexão doida que é estar vivo e ser um adulto no capitalismo desse mundo, Amei Muito!!!

Assindo uma pequena vampira, <3

Postado 01/12/20 21:59

Saudações! Bom temos um texto dá margem para diferentes interpretações, isso é muito legal.

Na minha opinião o protagonista morreu ou não se lembra de nada sobre sua vida. Resta-lhe apenas um solitário vazio. Ainda assim traz uma boa reflexão.

Meus parabéns!

Postado 24/01/21 13:28

Me parece a descrição de um dos aspectos da ideia de limbo...

Gostei muito do espírito aventureiro do eu poético pena que não havia nada a fazer e nada a descobrir.

A sensação do eterno nada e vazio deve ser extremamente aterradora...

Obrigada por compartilhar conosco!

Postado 27/06/21 13:09

Seu conto foi tão genial que tive que lê-lo duas vezes para saber se teria a mesma interpretação, e não. A segunda vez foi melhor do que a primeira.

Enquanto lia, minha imaginação me levou às alturas! É tão bom ler/ver algo que nos permite ter uma vasta compreensão e análises sobre uma obra.

O que criou é simplesmente admirável. Meus parabéns <3